quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Big Mac Index, produtividade e maiores retribuições

SEGUNDA-FEIRA, 13 DE JUNHO DE 2011

Existe neste mundo uma coisa chamada Big Mac Index e que trata de comparar o custo de vida em diferentes países quando tomado em linha de conta um produto estandardizado comercializado em todos eles. Segundo a Wikipédia “O Índice Big Mac, oficialmente Big Mac Index, é um índice calculado sobre o preço do Big Mac em mais de 100 países, tendo como objectivo medir o grau de sobre- ou subvalorização de uma divisa em relação ao dólar americano, comparando os preços do hamburger Big Mac nos Estados Unidos com o preço do Big Mac do país no qual se pretende comparar a moeda. O princípio é que os procedimentos operacionais da cadeia de fast food McDonald's são os mesmo em todos os países em operação, inclusive a margem de contribuição por produto”.

Não é minha intenção discorrer sobre este índice. Mas o mesmo sugeriu-me que há algumas subtilezas relativamente à produtividade que podem ser curiosas. E a que mais me interessa é que, de todos os restaurantes desta cadeia que conheço Alemanha, Holanda, Suiça, e, obviamente, Portugal, de todos o que tem o serviço mais eficiente é, sem sombra de dúvidas, os de Portugal. O serviço é eficientíssimo e muito bom. Não sei aferir do nível de qualificação do pessoal de frente de loja em todos estes países, mas parece-me existir alguma homogeneidade, aliás, como em tudo, ou quase tudo, no Mc Donalds (sem desprimor). No entanto, a remuneração em Portugal será muito inferior (seguramente) à obtida em todos esses países, o que me faz crer que nem sempre a economia é perfeita. Ou seja, temos trabalhadores muito mais eficientes a ganharem muito menos. E isto poderá espantar tanto mais quanto maior for o preconceito do emissor do juízo no que respeita à cor da pele (não é o meu caso).

Poderei ser convidado a concluir o seguinte:

1. A este nível de pessoal com elevada rotação as diferenças de produtividade não são compensadas devidamente devido ao facto de a elevada rotação não viabilizar mobilidade de um país para o outro, transferindo assim os trabalhadores de maior produtividade para os países com melhor retribuição salarial

2. A mobilidade na CEE é ainda muito relativa e muito dependente da língua. Atender clientes na frente de loja tem que se lhe diga no que respeita à língua local.

3. Os Portugueses quando bem geridos atingem níveis de rendimento notáveis

Há ainda algo de mais profundo que gera alguma revolta. Pelo facto de a nossa economia ser “torta” e não premiar, como seria suposto, a meritocracia, existem demasiadas pessoas que são penalizadas economicamente por esse facto. E provavelmente a maioria dessas pessoas encontra-se a efectuar serviços de frente de loja como a Mc Donalds, ou ainda call centers (o serviço em Portugal é, genericamente, excelente).

Quando a nossa economia se lembrar que não vai a lado nenhum neste modelo de endividamento para o consumo e acumular de dívida pública, e que somente arrancará consistentemente quando se lembrar de exportar muito, muito, muitíssimo mais, então talvez um dia todas essas pessoas de frente de loja com elevada produtividade possam ter outras retribuições. E então nesse momento teremos uma relação bem mais saudável com a economia.

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