quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Excedente

QUARTA-FEIRA, 17 DE NOVEMBRO DE 2011

Excedente. Esta é a palavra que doravante terá que ser substituída pela outrora muito popular “défice”. O mundo Ocidental, e os Portugueses em particular, tomaram uma adulação pelo défice. Sentimo-nos bem com eles, talvez devido ao efeito duplo de com ele obtermos um nível de vida aparente superior bem como sentirmos que a cedência de crédito nos coloca no patamar de actores de primeira.

Este fenómeno louco acabou. Doravante vamos ter que passar aos excedentes de modo a acabar com o alcoolismo de dívida em que nos metemos. Sim, tal e qual uma desintoxicação. Temos que passar a conviver com níveis normais de dívida acumulada muito inferiores aos actuais.

Ora como o produto teima em não crescer, e como o realismo nos diz que isso não irá ocorrer no curto e médio prazo, resta-nos ter excedentes. Ora para quem apregoa que 3% de défice é extraordinário, que é quase toda a gente, temos uma situação muito complicada no nosso Portugal.

Aliás, a miopia é de tal ordem que os 7% que já andamos a pagar de juros pela renovação de dívida significam a prazo que 7% do que produziremos num ano é para pagar juros (ainda há dívida emitida a taxas mais baixas). Mas se a sangria não parar iremos parar a taxas de 10%. Não se duvide disso. Note-se que a Irlanda já vai nos 9%.

Ora isto é profundamente idiota. Se cortarmos nos custos dos Estado, nomeadamente em salários e institutos sem a mínima utilidade, e já agora na estupidez de muitos projectos sem pinga de racionalidade, e com isso obtivermos excedentes de 3% durante dois anos seguidos, então sinalizaremos os mercados e estes diminuíram a sua taxa de juro para uns 3%. Claro que só nos cobraram 3% de juros se mantivermos todos os sinais em vigor que nos fizeram chegar a dois excedentes consecutivos de 3%. Os mercados não são estúpidos (embora cometam erros) e percebem como ninguém os sinais emitidos pelas entidades.

Doravante “excedente” é a palavra de ordem. O tempo dos Sócrates e Barrosos já acabou. Estão aí outros tempos. Quer queiramos, quer não.

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