quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Pagar dívidas

SEGUNDA-FEIRA, 13 DE SETEMBRO DE 2010

Na sequência do alerta por parte do professor Daniel Bessa de que não se ouve ninguém em lugares de destaque a a firmar de que temos que pagar o que devemos, vale a pena apontar que esta embriaguez pela acumulação incontinente de dívida mais não é do que o resultado da inconsciência reinante na nossa sociedade.

Ter como objectivo um constante défice de 3% sem crescimento do produto durante um largo periodo (e sem perspectivas credíveis de crescimento do mesmo), e sendo que a grande maioria da despesa não respeita sequer a investimento público, tudo isto só pode ser tomado como natural por mentes que não estão minimamente habilitadas para o exercicio do comando de um país.

Há como que um ambiente de loucura instalado em que se dá por aceite como natural os mais ignóbeis cenários. Portugal vive por estes anos um desses momentos. Em termos de anestesia e de falta de análise fria e despida de preconceitos, é como que o equivalente ao que se viveu nos último 25 anos antes do rebentar da crise do crédito imobiliário. Alguns já sabiam e apontavam para o que estava a acontecer, mas o mundo estava muito mais ocupado em se deliciar com a falsa bonança em que estava a embarcar.

Convém lembrar que as pessoas são muito avessas às mensagens pouco simpáticas. E convenhamos que passar a mensagem de que há que parar de contrair mais dívidas e passar a pagar o que se deve é das mensagens que menos apetecem ser ouvidas.

Muito do que está para vir irá surpreender muitos, não tanto pelos fenómenos em si, mas pela estupefacção de que as causas dos mesmos não foram contrariadas. O que vem aí não vai ser doce e o povo revoltar-se-á. Estará no seu direito se isso servir de escape à dor que irá experimentar. Somente. Porque de resto pagará pelas opções políticas que andou a tomar nos últimos 25 anos.

Há erros que se pagam caros. E destes, cometemo-los em demasia.

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