segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Argumento pífio

O PS quer fazer passar a ideia de que uma boa parte dos portugueses votou contra a austeridade ao brindar o PS, BE, e CDU com 50,75% dos votos. Como é óbvio essa percentagem não corresponde à verdade. É muito superior. Arriscarei que cerca de 99,85% dos votantes são contra a austeridade, categorizando os 0,15% como masoquistas. Evidentemente ninguém é a favor da austeridade, da mesma forma que ninguém é a favor da guerra (embora saiba que há aqueles que gostam de emoções fortes, como o silvar de balas a passar junto da cabeça…). Questionar os soldados ingleses em 1941 no ardor da batalha se eram a favor da guerra e com a resposta cancelar todas as operações militares mereceria todas as reservas intelectuais, creio eu...
Da mesma forma, invocar o desencanto com a austeridade como sustentáculo principal a um arranjo à esquerda é argumento de tal forma perverso que nem um sofista de segunda categoria se permitiria expor.

Será bom recordar que foi a falta de rigor que nos levou à austeridade e que o abandono desta depende da adopção daquele. O período de transicção é turvo e não permite a diferenciação de um e de outro, o que não impede que as coisas tenham de ser feitas. É na turbulência interina que surgem os maiores perigos, pois é quando o habilidoso e o engenheiro social encontram maior espaço para ardilosamente espalhar a confusão e com isso prejudicar o andamento dos trabalhos. Assim, e dado que o solo sobre o qual caminhamos ainda não ser estável, é conveniente não permitir que a alma portuguesa se desencontre com a realidade ao abraçar de novo ilusões, nomeadamente quando as mesmas vêm pela cabeça daqueles que mais concorreram para o problema. As juras e as recentes promessas de acordos improváveis e pouco consistentes são os principais indicadores de quem ainda não percebeu qual o caminho de Portugal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário