fotografia uber
Portugal é um país
fantástico onde os táxis são particularmente maus e os ubers particularmente
bons. Antes de entrarmos num táxi não sabemos muito bem o que vai acontecer: às
vezes o serviço é razoável, outras vezes é grosseiro, rude e cheira mal. Quando
entramos num uber a temperatura ambiente é ajustada com todo o obséquio ao
nosso agrado – e mal sabíamos nós das maravilhas da temperatura ambiente. Este
jogo das diferenças entre táxis e ubers é demasiado simples para ser verdade. Por
norma, os táxis não são assim tão maus e os ubers não são assim tão bons. Mas
somos um país fantástico e por isso absolutamente sintomático do que está em
causa nesta disputa: a nossa liberdade.
O sector dos táxis,
protegido pelo estado, nunca teve incentivo a prestar um melhor serviço nem a
adaptar-se aos tempos. Mas os tempos permitiram à Uber contornar este
proteccionismo. A disrupção digital, no fundo, permitiu à Uber operar como se o
mercado fosse livre, aparecendo com melhores preços e um serviço melhor. Mas este
nosso país oferece ainda uma maravilha particular: a reacção do governo, ou
seja, atirar dinheiro do contribuinte para cima do problema. A receita
socialista traduz-se em 17 milhões para modernizar um sector que o próprio
governo não deixou modernizar.
Este é um exemplo
claro de alguns dos principais problemas da regulamentação excessiva e
intervenção do estado na economia. A primeira consequência que vemos é um
bloqueio à inovação e ao progresso. A segunda é subida de impostos e dívida
pública como tentativa de resolver o problema através de gastos públicos. E o
pior é que o dinheiro é simplesmente gasto: ou alguém acredita que os taxistas
vão subitamente comprar bons modos e aparecer com um serviço tecnológico topo
de gama?
As soluções que um
estado socialista procura para os problemas que cria seriam naturalmente dadas
pelo mercado livre. É preciso alguma regulamentação, é certo, mas se calhar
vale a pena repensar até onde deve ir o papel do estado. Ao impedir
concorrência e escolha, o estado contribui directamente para preços mais altos
e pior serviço. E talvez mais grave ainda: retira liberdade de escolha aos
consumidores. A liberdade, para estes intelectuais do conhecimento centralizado,
é apenas um conceito teórico.
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