Seria bom que os nossos políticos, nomeadamente o PR e o PM, explicassem aos Portugueses a história da adesão de Portugal ao Euro, das vantagens, responsabilidades, e exigências que daí advêm. Com uma explicação lógica, destituída de politiquice de meia-tigela, os Portugueses entenderiam que jogo se está a jogar e ficariam em melhores condições de responder em conformidade. Focalizando-me unicamente na componente económica há que explicar aos Portugueses que pertencer ao Euro permitiu ter acesso a bens importados a preços muito mais baratos, e ter acesso ao crédito com muito mais facilidade em termos que preço (taxa de juro) e quantidade. Isto os Portugueses entendem muito bem porque o viveram intensamente via aumentos constantes do seu nível de consumo.
Agora falta a segunda parte, que em rigor deveria ter decorrido em paralelo com a primeira. Trata-se de ajustar o nível de produtividade ao nível da cotação da moeda e substituir actividades económicas. Este último processo está em curso e já é bem visível pois a economia já se está a virar muito mais para a exportação e substituição de importações e muito menos virada para o consumo. Mas o primeiro processo ainda está por ocorrer. A produtividade, quantidade de produção por unidade de tempo, ainda é algo que está muito longe de ser empreendido em níveis considerados transformativos (aumentos ao nível de valores da ordem de 3% ao ano no espaço de 15 anos consecutivos).
O que não produzir e o que passar a produzir é algo que a Economia por si faz razoavelmente bem, seja através da acção das possibilidades (menos crédito e menos rendimento implicam menos automóveis vendidos o que implica menos empresas para vender automóveis e consequentemente menos importações), seja através dos empresários (quem melhor escolhe as actividades a empreender; agora, as exportadoras). O problema maior é como proceder ao aumento gradual e constante da produtividade de modo a melhor potenciarmos as nossas exportações. Neste ponto seria muito bom que os Portugueses recebessem lições. Para isso precisamos de casos práticos, de professores, e de uma televisão que forneça o conteúdo sob o chapéu com o nome de “serviço público”. Um programa diário de 5 minutos antes do telejornal poderia ser uma óptima ideia para difundir um conceito muito mal compreendido e tão importante para aumentar o nível de vida dos Portugueses.
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