Estalou um novo escândalo no país: Isabel
Jonet veio dizer que existem responsabilidades individuais. Os arautos da
indignação fácil associaram-se em protesto porque não concordam que estamos a
empobrecer por culpa nossa, atribuindo-a, portanto, a outras pessoas ou
entidades. Alguns dizem que a culpa é da troika, outros que é do azar, talvez alguém
culpe o sistema ou até a própria Isabel Jonet. O que esta gente tem a certeza é
que a culpa não é nossa. Nós somos as vítimas. Mais: nós somos os salvadores da
nação porque contribuímos para a luta contra a fome com um ou dois pacotes de arroz por ano.
A ironia que pesa sobre a situação
reside no carácter abstracto e obviamente ideal que a luta contra a fome tem
para os contestatários, uma vez que para Isabel Jonet a causa é concreta há
mais de vinte anos. E se o Banco Alimentar funciona graças à boa vontade de
pessoas individuais também é verdade que isso só acontece porque existe alguém que
faz uso do seu tempo para organizar uma plataforma que permite às pessoas ajudar. Por falar nisso o cerne da questão é mesmo esse: o Banco Alimentar funciona e
bem.
De resto, trata-se de um axioma: as
pessoas vivem acima das suas possibilidades, compram demais e consomem o que não
precisam. É assim e nunca há-de mudar. Felizmente, porém, ainda há quem seja
capaz de atenuar as feridas do problema. Obrigado, Isabel Jonet.
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