O Sporting anda há dez anos a
fazer o que não sabe: compra e venda de jogadores. O clube contrata quase
sempre mal e raramente consegue valorizar os jogadores. Entre contratações
falhadas e jogadores desvalorizados, um exemplo sintomático é o de Bojinov: custou
3 milhões, ganhava 1 milhão por ano, fez oito jogos, sete dos quais a suplente,
e foi cedido a custo zero para a segunda divisão italiana. O panorama geral é
assustador: desde a criação da SAD o Sporting gastou 229 milhões em jogadores e
conseguiu encaixar apenas 166, perfazendo um saldo negativo acumulado de 63
milhões. Pelo meio o fracasso desportivo é evidente.
O problema não está tanto na
estratégia, mas sim na inadequação dos recursos e capacidades do clube com a
estratégia. O FC Porto também tem uma estratégia apoiada em compra e venda de
jogadores e é um caso de sucesso. Antero Henriques, dirigente do FC Porto,
explicou as razões à revista France Football: um sector de recrutamento mais
rápido que o dos adversários, com mercados-alvo definidos, apoiado em 250
olheiros espalhados pelo mundo, com vários níveis de observação. Uma estrutura
sólida, métodos de trabalho bem implementados e o resultado está à vista. Exemplo
sintomático: Cissokho, contratado por 300 mil euros, vendido por 15 milhões.
No Sporting, no entanto, não
existem esses recursos: não há nenhuma estrutura de recrutamento, não há
estabilidade para valorização dos jogadores, não há capacidade de negociação,
etc. E é por esta falta de recursos para a compra e venda de jogadores que o modelo
dos últimos anos tem sido um fracasso em Alvalade. Existe, no entanto, um
recurso que distingue o Sporting de todos os outros: a formação. Aí sim há
estruturas. Olheiros, métodos de treino, apoios aos jovens, a academia. É
preciso mudar de estratégia e capitalizar aquilo que o clube faz melhor que os
outros.
Assim, o modelo que eu defendo
para o Sporting é um modelo apoiado na formação. Um grande treinador, de
créditos firmados, para potencializar os jovens saídos da formação, dois ou
três jogadores de nível internacional e sete ou oito jogadores da cantera no onze inicial. E estes não
precisam de ter 18 anos, uma vez que o modelo acaba por se tornar sustentável,
com os jogadores a ficarem várias épocas no clube. Os mais espetaculares,
aqueles que têm mesmo quer ser vendidos, equilibram as finanças do clube e vão
brilhar para outros palcos europeus e para a selecção nacional.
Estamos a perder a guerra porque
estamos a lutar no campo de batalha errado. É uma evidência: este modelo de
compra e venda de jogadores está completamente falido. Chegou a altura de
apostar verdadeiramente na formação.
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