O
PS quer fazer passar a ideia de que uma boa parte dos portugueses votou
contra a austeridade ao brindar o PS, BE, e CDU com 50,75% dos votos.
Como é óbvio essa percentagem não corresponde à verdade. É muito
superior. Arriscarei que cerca de 99,85% dos votantes são contra a
austeridade, categorizando os 0,15% como masoquistas. Evidentemente
ninguém é a favor da austeridade, da mesma forma que ninguém é a favor
da guerra (embora saiba que há aqueles que gostam de emoções fortes,
como o silvar de balas a passar junto da cabeça…). Questionar os
soldados ingleses em 1941 no ardor da batalha se eram a favor da guerra e
com a resposta cancelar todas as operações militares mereceria todas as
reservas intelectuais, creio eu...
Da
mesma forma, invocar o desencanto com a austeridade como sustentáculo
principal a um arranjo à esquerda é argumento de tal forma perverso que
nem um sofista de segunda categoria se permitiria expor.
Será
bom recordar que foi a falta de rigor que nos levou à austeridade e que
o abandono desta
depende da adopção daquele. O período de transicção é turvo e não
permite a diferenciação de um e de outro, o que não impede que as coisas
tenham de ser feitas. É na turbulência interina que surgem os maiores
perigos, pois é quando o habilidoso e o engenheiro social encontram
maior espaço para ardilosamente espalhar a confusão e com isso
prejudicar o andamento dos trabalhos. Assim, e dado que o solo sobre o
qual caminhamos ainda não ser estável, é conveniente não permitir que a
alma portuguesa se desencontre com a realidade ao abraçar de novo
ilusões, nomeadamente quando as mesmas vêm pela cabeça daqueles que mais
concorreram para o problema. As juras e as recentes promessas de
acordos improváveis e pouco consistentes são os principais indicadores
de quem ainda não percebeu qual o caminho de Portugal.
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