Por um destes dias, e enquanto pedalava por Amsterdão, perguntava-me porque não pôr Portugal também a pedalar. Não no sentido de trabalhar mais horas, essa infelicidade que nos quiseram impor. Trata-se antes do sentido literal do termo: pedalar de bicicleta fazendo uso da mesma como meio natural de transporte.
Os holandeses pedalam com fartura. E têm vastas razões para o fazer. Com um território plano, com uma tara extrema pelo planeamento urbano, com uma atitude muito cool perante a vida, e totalmente despretensiosos perante o próximo, o holandês tem na bicicleta o seu meio natural de transporte. Desde criança até muito tarde, é vê-los em pelotões por aquelas vias próprias disseminadas por tudo quanto é lado.
Estudos recentes vêm, reiteradamente, apontando o holandês como o povo menos stressado da Europa. Tem para mim que essa posição no podium advém bastante do uso da bicicleta, embora o seu gosto pela jardinagem a partir das 16h45m também deva contribuir, já que este povo sai do trabalho às 16h30 em ponto, realidade que vai suportando outros estudos que os apontam como aqueles que menos horas trabalham por semana.
Estudos recentes vêm, reiteradamente, apontando o holandês como o povo menos stressado da Europa. Tem para mim que essa posição no podium advém bastante do uso da bicicleta, embora o seu gosto pela jardinagem a partir das 16h45m também deva contribuir, já que este povo sai do trabalho às 16h30 em ponto, realidade que vai suportando outros estudos que os apontam como aqueles que menos horas trabalham por semana.
Há ainda outras virtudes decorrentes do acto de pedalar com assiduidade, como por exemplo o facto de o holandês não ser grande portador de barrigas pronunciadas, apesar de toda a sua sede por Heinekens. Ou ainda a magia feminina na sua elegância própria aquando do exercício da arte da pedalada por alturas da Primavera e Verão, coisa que muito salutarmente vai mantendo o espírito e a motivação geral aos mais altos níveis. Ou perceber que o transporte de bicicleta é, de longe, o mais económico de todos, sem contar com a poupança adicional nas despesas em clubes de fitness. E caso Portugal adopte este espírito, temos ainda uma grande contribuição para a indústria da bicicleta nacional, o que deixará certamente o município de Águeda radiante. E porque me custa não falar de macro economia, realço que assim se vai substituindo muito saudavelmente importações (carros e demais componentes para manutenção) por produção nacional, e que se diminui ainda o endividamento externo, já que uma bicicleta sempre pode ser comprada a pronto.
Como se vê, existem numerosas vantagens no uso da bicicleta. No entanto, transportar o conceito para as nossas cidades e vilas adivinha-se coisa complicada. A geografia do terreno nem sempre é tão amiga quanto a dos Países Baixos, embora isso esteja longe de ser 100% exclusivo deste conceito de transporte. Por outro lado o nosso espírito de aristocrata falido não dá a necessária ajuda ao nível da atitude. Se a estes dois elementos adicionarmos a nossa inenarrável incompetência para o planeamento urbano, temos um desiderato complicado de desmontar. A minha esperança é que a nossa duradoura penúria económica nos dê alguma clarividência e que quem planeia a urbe tire uns dias para ir ver como as coisas se passam pela Holanda. E já agora, de modo a abrirem bem os olhos, que seja por alturas da Primavera ou do Verão.
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