domingo, 4 de março de 2012

Pernas para andar

Ao contrário do que possa parecer depois de uma comparação de resultados económicos, os alemães e os portugueses não são assim tão diferentes. A fábrica da Volkswagen em Portugal, por exemplo, é tão produtiva como qualquer outra fábrica da empresa na Alemanha. Um operário português é capaz de executar qualquer tarefa tão bem como um alemão. Não há poções mágicas nem superpoderes: a vantagem alemã reside essencialmente na organização e disciplina do trabalho. No rigor com que se produz de olhos postos nos resultados - fruto também da visão estratégica de um povo que fez reformas estruturais na altura certa e soube definir muito bem um caminho para a sua economia.

A Alemanha tem um modelo económico orientado para a exportação de produtos de alto valor acrescentado, com grandes investimentos em tecnologia e inovação. É o meu bitaite, não sou entendido na matéria, mas consigo perceber mais ou menos isto. Já no que se refere a Portugal: não faço a menor ideia. Como é que nos definimos? Pois, não sei, cá estamos, mas olhe que até podia ser pior. Enfim, tenho a sensação que ser português é sobretudo uma constante procura pela definição disso mesmo, de uma certa portugalidade, talvez, que a mal ou a bem nos vai ferindo e nos cicatriza. Quem é que nunca começou uma frase com um «ser português é isto» ou «ser português é aquilo»?

Assim, não percebemos muito bem como é que a crise chegou a esta acidental praia lusitana, nem como é que a vamos mandar embora daqui. Mas ela anda aí e nem lhe estamos a responder mal. É louvável, apesar de tudo, o grande rigor com que se tem atacado o défice. Mas falta-nos uma visão clara de crescimento. Não há uma porra de uma estratégia. Exportar, sem dúvida, mas o quê e para onde? É preciso responder a isto, imaginar um futuro, andar para a frente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário