As vendas de automóveis durante o mês de Fevereiro de 2012 desceram 52,2% relativamente ao mesmo mês de 2011, passando de 16344 unidades para 7818. Esta é uma excelente notícia para Portugal. Principalmente quando a referência média para o mesmo mês durante a primeira década deste século rondava os 20.000 automóveis.
Este dado significa uma mudança substancial na atitude face ao consumo, que é uma condição fundamental para o nosso ajustamento macro económico. Redução de compra de automóveis significa menos necessidade de financiamento da nossa banca junto do BCE e consequentemente maior disponibilidade de crédito para as empresas, nomeadamente as exportadoras. Significa menos importações, concorrendo para o básico equilíbrio macroeconómico. Significa viver ao nível das possibilidades, com toda a carga virtuosa associada a esse facto. E a prazo significará maior dinamismo a toda a actividade de manutenção automóvel, bastante mais geradora de animar produção interna (muitas peças podem ser cá produzidas) e seguramente manterá um nível apreciável de oficinas de reparação. Sim, cuidar dos carros como os nossos pais o faziam (tinham-nos por períodos largos, onde a manutenção assumia um papel primordial).
Quanto aos vendedores de carros que se queixam amargamente, aliás, com evidente fundamento, sugere-se que procurem trabalho noutro sítio. Nomeadamente em actividades exportadoras e/ou de substituição de importações. Não há trabalho? Sim, está difícil, mas a constelação do tecido social é uma coisa complexa e o queixume da praxe esconde outra realidade. Ontem soube por um amigo que a sua família precisa de um casal para serem caseiros numa bela localidade do interior e não conseguem encontrar ninguém. Oferecem dois ordenados mínimos. É pouco? É. Mas a esses montantes há que considerar que não terão de pagar pela casa e outras despesas fixas que todas as famílias têm que pagar. Ou seja, é dinheiro limpinho. Nada mau para quem está desempregado.
Falta a boa notícia de que os Portugueses estão dispostos a mudar de atitude e que estão dispostos a aceitar o que há e não aquilo que querem. Regra básica de vida, mas que parece que se tornou numa coisa complicada nos anos que correm. O tempo tratará de colocar tudo no seu devido lugar pois a realidade é de uma natureza tal que traz sempre as pessoas de volta a ela. Sim, ainda vai haver espaço para o queixume, mas ele vai-se esgotando à medida que o tempo passa. E quando desistirmos de sermos teimosos e nos modelarmos à nossa realidade, então seremos mais felizes.
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