sexta-feira, 1 de junho de 2012

Dobrar-nos-emos?

Portugal está num processo de mudança muito grande. Poucos andarão a dar conta disso, mas esta crise está a modificar aos poucos os alicerces sobre o qual montámos a nossa vida nos últimos 25 anos. Julgámos ser possível trilhar um caminho para que nos levasse a um nível de vida Nórdico aplicando práticas Meridionais naquilo que as mesmas têm de mais funesto. A falácia alimentou-se pela cegueira voluntária do indígena e pelo desregrado contínuo aumento do endividamento geral.

Em todos estes anos a sociedade pouco se sensibilizou para se questionar sobre os fundamentos que levaram os Nórdicos a gozarem o nível que hoje têm. Como que ocultando um medo de uma qualquer evidência reveladora de que determinado tipo de alicerce tivesse de ser erigido. Impor limites ao endividamento público? Tratar da nossa Justiça? Tratar de ter um mercado de arrendamento imobiliário normal? Tratar de cuidar na construção de uma sociedade mais independente do Estado? Tratar de criarmos mecanismos que premeiem o mais produtivo? Tratar de exigir muito mais de quem não quer fazer nada, ou fazer muito pouco, e de ainda quer viver à conta dos outros? Tratar de ser implacável para com o aldrabão e espertalhão de meia-tigela?

Em todos estes domínios falhámos, e num grau muito superior ao razoável. E é em todos que somos agora obrigados a mexer de modo a encarrilarmos e podermos continuar no mesmo comboio que os tais Nórdicos. Em 1 ano já fizemos o mesmo do que outros fariam em 2 ou mais anos. Mas o caminho é muito longo, e falta ainda muito para modificar em elevado grau o que tem de ser modificado de modo a gozarmos o mesmo nível de vida daqueles com que nos comparamos. Em muitas matérias a política pode fazer muitas coisas. E eu não duvido que irá fazê-lo. Noutras, dependeremos da humildade em nos questionarmos bastante sobre alguns traços da nossa cultura e da predisposição para organizar a nossa sociedade e comunidades locais de outra forma. Não será fácil, mas o prolongar dos tempos difíceis que teremos fatalmente de percorrer ir-nos-á alertar para a necessidade de dobrarmos um pouco a nossa maneira de ser. A ver se a humildade e o querer serão suficientes.

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