Saíram recentemente alguns dados económicos positivos sobre a nossa
economia. Exportações continuam a subir e a bater records, o desemprego começou
a descer, e, imagine-se, começam-se a vender mais automóveis outra vez. Os
dados não são de estranhar, o que se estranha é o espanto com que as pessoas
encaram a economia, ou melhor, como transportam para a economia toda a sua estreita
realidade.
A realidade da economia Portuguesa é muito simples. Estamos num período de
transformação de uma economia voltada para o consumo interno para uma economia
voltada para a exportação por força do poder de fogo dos equilíbrios macroeconómicos
mínimos. Quem faz isso não é o ministério da economia, antes são os empresários
através das escolhas onde alocam os seus recursos, e, facto muito esquecido,
como os próprios empresários ocupam o seu tempo na procura de novas
oportunidades.
De início varreram-se as empresas excedentárias da economia interna e
redimensionaram-se as que ficaram. Em paralelo os empresários começaram a olhar
mais lá para fora e o resultado desse facto está-se agora a verificar. Sim, mais
trabalho associado às actividades exportadoras depois de se aproveitar a
capacidade de produção não utilizada, embora tudo a ganhar entre 300 e 1000
euros no máximo. Trabalhos mais precários? Sim, mas é melhor isso do que nada.
A realidade é o que é.
Uma mensagem ao novo pessoal que agora caminha no ministério da economia.
Não tratem de dar bombadas no consumo interno. A economia tratará desse assunto
se tratarem daquilo que vos compete, que é facilitar a vida aos empresários
através de remoção dos obstáculos existentes (licenças, burocracias, etc.), ir
mais longe em algumas rendas abusivas que ainda existem em Portugal, e reduzir
logo que possível impostos relacionados com a produção, não com o consumo. Vão
ver que a economia reage bem e no final até se pode dizer que houve um efeito
colateral inesperado: o consumo interno até subiu.
Que se perceba muito bem uma realidade das últimas décadas. Não são
necessários muitos estímulos para se consumir nos dias de hoje. As direcções de
marketing das empresas fazem isso competentemente. O complicado é trabalhar
tudo o que tem que ver com o aumento das exportações.
E porque é enfadonho falar somente de economia, eleve-se a qualidade da
mensagem a passar aos Portugueses. Um país afirma-se no mundo pela sua
capacidade exportadora. Exportando damo-nos a conhecer através dos produtos e
serviços que conseguimos produzir e vender. É isso que traz a verdadeira
confiança a um povo. Um povo que exporta é por natureza confiante, e a falta de
confiança que ainda hoje reina é por termos maltratado muito mal a nossa capacidade
exportadora enquanto nos entretivemos a endividar e a pensar somente no consumo
interno, variantes de quem pensa à Guterres, Barroso, e Sócrates.
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