A nomeação do último ministro
dos negócios estrangeiros não terá sido a escolha mais feliz por aquilo que o
mesmo representa. Analisando o curriculum
do Sr. Rui Machete conclui-se que esta pessoa é um excelente representante de
alguém que andou sempre montado em lugares e posições, alguém que preza
essencialmente os ambientes palacianos e que vive da arte de bem lidar com a
política do croquete se a ocasião determinar que é aconselhável assumir uma
pose mais terrena, ou a política do whisky se a ocasião determinar que se está
a tratar de caça grossa.
Pelo seu curriculum tudo leva a crer que o Sr.
Machete considera-se feito para navegar em determinadas águas, mas não em
todas. As águas preferidas do Sr. Machete são aquelas que lhe fornecem a doçura
da sinecura e o protegem das indisposições da tormenta, coisa que aliás vai bem
para quem gosta de pisar bom tapete persa e não tanto a experimentar o chão de uma linha de produção. As
ligações ao BPN, SLN, e os gastos sumptuosos na FLAD reflectem o estar do Sr.
Machete perante a vida e de como o mesmo entenderá que esta lhe deve prestar
serviço, ou seja, um “senhor feito à medida de certas esferas” de uma realidade
fechada e que já pouco serve ao Portugal do futuro.
Ora acontece que Portugal
está numa fase do seu percurso histórico em que é obrigado a abrir-se ao mundo,
não tanto na forma do croquete ou do whisky, antes na forma de fazer valer os
créditos dos seus produtos e serviços. Não que o mundo tenha abandonado completamente
certos modelos mais convencionais (a ingenuidade tem limites), mas é
essencialmente através do valor dos seus produtos e serviços que uma sociedade
aberta melhor respira.
A recente entrevista do
Sr. Machete a uma rádio angolana é humilhante naquilo que denuncia sobre um
espírito que está disposto a fazer tudo para continuar a navegar junto de portos seguros. Não é este tipo de fibra que Portugal doravante necessita. Um
ministro das exportações, coisa em que o anterior servia, deve ser muito mais imune
aos enjoos naturais que as águas mais turbulentas implicam (mercados globais e
altamente concorrenciais), e deverá ter um nível de independência para com o
“sistema”, no pior que o conceito contém, que o não obrigue a tolher-se de uma
forma humilhante perante poderes mais ou menos obscuros, e que, ainda por cima,
operam em regimes fechados e pouco globalizados.
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