Como já por diversas vezes comentei, o suicídio demográfico em curso é o
maior desafio que Portugal tem pela frente. O enorme aumento da emigração, que
os números do 1º trimestre revelaram ser muito superior ao expectável não é um
fenómeno que ajude a inverter o suicídio demográfico, pelo contrário. Impedir os Portugueses de
emigrar, além de não ser legalmente e politicamente possível, não resolve o
problema de fundo. O problema reside na falta de esperança, que mais não é do que
o resultado de falta de ofertas de trabalho atractivas quando comparadas com o
potencial de produtividade individual.
Não é expectável que a economia nos próximos 15 a 20 anos seja capaz de
proporcionar remunerações que desmotivem o fenómeno da emigração. No entanto, a
política pode tomar medidas claras para reter as pessoas. Baixando dramaticamente
os escalões de IRS para rendimentos até 10.000 euros / mês para qualquer coisa
como 10% a 15% de taxa fixa, e eliminando o IRS para rendimentos até 750 euros
/mês, Portugal iria potenciar bastante a sua capacidade de atrair investimento
estrangeiro e com isso reter parte da população activa. E muito provavelmente
ainda iria atrair muito trabalhador do conhecimento a fixar residência em
Portugal, desde que, evidentemente, tenha aeroportos por perto.
Mas acima de tudo Portugal passaria um sinal muito importante à sociedade:
de que estudar e trabalhar bem é compensador. Este é, porventura, o melhor tónico
de que precisamos em Portugal se queremos resolver o nosso drama demográfico.
Claro que isto teria de ser negociado com a Troika, o
que talvez nem seja muito difícil, nomeadamente depois de assistirmos à
tragédia Grega que segue dentro de pouco tempo. Mas antes da negociação com a
Troika há que ter clarividência no pessoal governativo. E nisso o passado não
me deixa nada optimista.
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