A questão do Euro não é
tão complicada quanto isso ao nível da decisão política. Existe um clube,
existem regras, existem compromissos, existem programas acordados entre todos,
existem deveres e direitos, e já agora existem vontades efectivas (não daquelas
para Inglês ver). Está bom de ver que o povo Grego não percebeu bem que está
num clube onde não se pode nem se deve brincar. E o que o povo Grego anda a fazer
é precisamente brincar com os outros membros do clube. Pessoalmente não me move
nada contra o povo Grego, e inclusivamente respeito a sua revolta, não por
concordar com a mesma, mas por ela me fornecer indícios claros de que o lugar
da Grécia é fora da zona Euro. E isso deve ser respeitado enquanto um possível
figurino, o que, em rigor, é a melhor opção para todos.
A distância entre a
vontade e a vontade efectiva pode ser enorme. Claro que os Gregos querem estar
na zona Euro quando somente os direitos concorrem para a formulação da opinião.
Quando atentamos para a vontade efectiva, então os deveres saltam para a
balança, e consequentemente a porca começa a torcer o rabo. Nesta fase, e após
alguns anos a serrar presunto, chegou o momento de avaliar o assunto pela
bitola da vontade efectiva. Chegado a este ponto, ainda podemos esbarrar com o
facto de os Gregos inverterem de um momento para o outro essa mesma vontade
efectiva. Resta então passar o teste da possibilidade técnica.
Considero que no ponto
onde nos encontramos os Gregos não têm vontade efectiva, coisa que as eleições
de 17 de Junho irão validar devidamente. Daí já nem se colocar a questão da
possibilidade técnica. Consequentemente trata-se agora de preparar a saída da
Grécia da Zona Euro e ao mesmo tempo acautelar que essa mesma saída não
prejudique aqueles países onde as duas vontades invocadas andam de braço dado.
E que os distúrbios financeiros esperados não impactem em demasia nas suas
possibilidades técnicas.
Por isso sugiro aos
Gregos que pensem um bocadinho nos outros, e que por respeito a esses outros
membros do clube não prejudiquem os outros trabalhos existentes no clube e que
estão em curso. O centro do mundo não é a Grécia, nem nenhum País merece mais
do que aquilo a que deixa de estar disposto a fazer. Por isso, e como Português,
exijo que o meu país e os responsáveis políticos legitimamente eleitos que assinaram
os acordos com a Troika tenham a possibilidade de levar por diante a execução dos
seus compromissos cuja prossecução são, obviamente, do interesse de todos os
membros do clube.
Por isso direi que num breve
prazo há que tomar decisões muito importantes e aclarar com que cenários
trabalharemos no futuro. Até para que os azimutes do pessoal internacional consigam
estar mais afinados e permitam melhor perceber que nesta Europa há países com
ideias muito diferentes sobre como pertencer a clubes.
Tudo o mais respeita a questões técnicas de como
executar o change over. Embora do
domínio técnico, o facto não é de menor importância. É do senso comum e dos
ensinamentos históricos, que o devido controlo dos mecanismos de feedback e
precipitação de acontecimentos, cuja velocidade é perniciosamente sempre mais
rápida do que os antídotos, deve ser assegurado. E aí os políticos membros do
clube têm que estar muitíssimo bem sintonizados e superiormente assessorados
tecnicamente. È que, acaso não se saiba, e para os mais distraídos, que já não
os há para além da esquerda irresponsável e nos desmiolados que ainda por cá
existem, a finança é um brinquedo muito perigoso.
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