Poucos olham para o
Ministro das Finanças como o melhor ministro das finanças que tivemos nos
últimos 28 anos. Acriançados como ainda estamos, é mais do que natural que neste
período o melhor ministro das finanças seja odiado e o pior adorado. Na vida
civil nunca o austero granjeia muita simpatia. Nunca é o tio forreta racional que
cai nas boas graças da criançada, antes é o tio desmiolado que com as suas
acções pouco temperadas pelas consequências o que obtém mais sucesso. É sabido
que as crianças gostam que os crescidos brinquem de acordo com os seus
critérios de diversão, deixando por isso o forreta racional de fora do seu
ranking de preferências. Só décadas mais tarde o forreta racional é tido em
conta como exemplo, precisamente quando os critérios de condução da vida passaram
a ser o da boa governância e da sujeição ao preceito das regras, e já não à
sujeição da brincadeira efémera que não olha a consequências. Há como uma
passagem de testemunho, não pela mão do desmiolado para o forreta racional, mas
pelas mãos da audiência. A norma diz que o desmiolado é de uma natureza tal que
não viabiliza qualquer transferência suave de testemunho, pois a sua
irracionalidade natural é de difícil compatibilização com quem conduz as coisas
com base em argumentos mais sólidos. Assim, por norma, o desmiolado tem poucas
décadas para reinar e reserva-se a si mesmo um tombo algures no processo.
Portugal está numa fase de
passagem de testemunho. A fase é naturalmente dolorosa pois não se imagina que
de ânimo leve se troque de forma natural o gozo infantil da pândega irresponsável
pelo rigor graúdo da seriedade responsável. O último ano dos últimos 28 anos
corresponderam aquela fase da vida em que o tio desmiolado foi desmontado e posto
a nu no seu total e absoluto divórcio com a realidade da vida e das suas mais
elementares regras de ordenação civil sobre a qual a mesma se edifica. Agora
que os sobrinhos cresceram, e com os decorrentes desafios que uma vida adulta
impõe, o tio forreta racional tenderá a ser trocado nas preferências relegando
assim o tio desmiolado para o cantinho das memórias.
Ainda não sabemos bem se este tio forreta racional é o que melhor nos serve. Sabemos somente que se encontra na categoria que doravante melhor nos serve, pois do tio desmiolado só sobram contas a pagar e outros fardos. Neste momento a vox populi dos sobrinhos produz ainda uns clamores vagos pelo tio desmiolado em perfeita sintonia com o natural temor pela maioridade que já chegou. No entanto, as manifestações revelam um saudosismo já muito fugidio e em plena direcção oposta. Nesta época turbulenta de transferência de preferências restam aos sobrinhos três hipóteses. Ou pôr a cabeça na areia numa reacção pura de negação da realidade, prolongar a criancice por mais uns anos dotando o seu discurso de generalidades puramente ditadas pelo sentimento, o que mais não é do que uma bela candidatura a tio desmiolado da próxima geração, ou um pulo imediato para o patamar da razão e tratar os assuntos com a seriedade e maioridade com que eles devem ser tratados. Assim vai Portugal.
Ainda não sabemos bem se este tio forreta racional é o que melhor nos serve. Sabemos somente que se encontra na categoria que doravante melhor nos serve, pois do tio desmiolado só sobram contas a pagar e outros fardos. Neste momento a vox populi dos sobrinhos produz ainda uns clamores vagos pelo tio desmiolado em perfeita sintonia com o natural temor pela maioridade que já chegou. No entanto, as manifestações revelam um saudosismo já muito fugidio e em plena direcção oposta. Nesta época turbulenta de transferência de preferências restam aos sobrinhos três hipóteses. Ou pôr a cabeça na areia numa reacção pura de negação da realidade, prolongar a criancice por mais uns anos dotando o seu discurso de generalidades puramente ditadas pelo sentimento, o que mais não é do que uma bela candidatura a tio desmiolado da próxima geração, ou um pulo imediato para o patamar da razão e tratar os assuntos com a seriedade e maioridade com que eles devem ser tratados. Assim vai Portugal.
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