Eis um conceito está
prestes a dar o berro: o pendura. A nossa sociedade produziu e consolidou uma enorme
quantidade de penduras nos últimos 40 anos. Andamos cheios desta espécie que
teve o condão de se espalhar por toda a sociedade, a todos os níveis, e com um
grau que jamais se pensou ser possível.
O pendura é um cromo muito peculiar. A sua primeira característica é que não tem o mínimo problema em o ser, embora não o queira parecer. Percebe-se o porquê, do ponto de vista do pendura, claro está. Por não saber viver de nada, ou porque aquilo que produz com real valor é inferior ao que quer consumir, o pendura vê no andar pendurado a sua única opção de vida.
A segunda característica do pendura é negar ou esconder que o é por opção. E quando por uma qualquer circunstância fica evidenciado que ele é um pendurado, o pendura não hesita em invocar uma ou mais razões que explicam porque pontualmente (pontualmente… na sua cabeça) pode parecer nesse momento mais vulnerável. Esse é um momento sempre doloroso, pois por definição o pendura quer sempre passar por aquilo que não é.
A terceira característica do pendura é a sua impossibilidade de se reformar com base na razão. De ciência certa o pendura não muda pela voz do argumento pois por natureza o argumento é um instrumento que se utilizado pode facilmente desmascarar o pendura. E por viver num mundo de ilusão o pendura é naturalmente defensivo e avesso a qualquer forma de diálogo que o possa colocar em cheque.
Os penduras encontram-se nos locais mais expectáveis e visíveis, como na função pública. Aí são aos quilos. O exemplo mais gritante serão os professores. É o diabo entenderem que não são necessários tantos devido ao cada vez menor números de alunos. Sem contar que querem progressões automáticas e se recusam a ser avaliados pelos mesmos mecanismos pelos quais as pessoas são geralmente avaliadas. Mas também os há numa versão mais palaciana. O exemplo mais recente da nossa sociedade foi o lobby da construção que literalmente assaltou o orçamento dos anos passados… e futuros (sim, as PPP). Este lobby, de verniz mais cuidado, fez-se acompanhar de um rol de consultores e advogados que solidamente também se penduraram, directa ou indirectamente, no orçamento.
Mas também há outros penduras, muito menos visíveis, mas também muito activos e corrosivos. Há os aldrabões que se aproveitam da ineficiência da nossa justiça e com isso não honram compromissos, há os profissionais em arrendar casa sem pagar renda, e há ainda os que se penduram na família mesmo já depois de saírem de casa pois as suas desmiolices arranjam sempre forma de se socializarem com os restantes membros.
E depois há aquele pendura que vive nos partidos políticos. Este pendura tem-se desenvolvido com fulgor nos últimos anos e teve como expoente máximo Santana Lopes e José Sócrates. Os estragos são aliás bem visíveis. Esta espécie, muito especial e perigosa dada a legitimidade democrática com que soube vestir, invadiu literalmente o poder político. E instalou-se. Este pendura, possuído de uma leonina capacidade de fazer valer o seu interesse pessoal em detrimento do interesse do país, carrega consigo uma crueldade e capacidade de triturar adversários só possíveis em quem abdica da ética na tomada de decisões. Estes penduras utilizam a fidelidade como moeda de troca dos favores distribuídos, favores esses que mais não são do que a própria razão de existir deste pendura no agrupamento político de que faz parte. Não que o fenómeno seja novo na história do homem, mas o grau com que se manifesta e o alcance pernicioso da sua acção torna o fenómeno demasiado maligno, ou não fosse o sarilho presente o resultado das patetices de tanta inconsciência de quem nunca devia ter pisado os terrenos do poder político.
Em Portugal o pendura anda a começar a viver dias difíceis devido ao rigor que veio para ficar. Com isso foi simplesmente exposto como vítima do seu sucesso, e aos poucos vai sendo acossado e desmontado a muitos níveis. Mas há um local onde o pendura parece ser, ainda, intocável: nos partidos políticos. Compete a quem anda pelos partidos sem espírito de pendura em atirá-los borda fora de modo a viabilizar boas lideranças e bons governos. É uma obrigação.
O pendura é um cromo muito peculiar. A sua primeira característica é que não tem o mínimo problema em o ser, embora não o queira parecer. Percebe-se o porquê, do ponto de vista do pendura, claro está. Por não saber viver de nada, ou porque aquilo que produz com real valor é inferior ao que quer consumir, o pendura vê no andar pendurado a sua única opção de vida.
A segunda característica do pendura é negar ou esconder que o é por opção. E quando por uma qualquer circunstância fica evidenciado que ele é um pendurado, o pendura não hesita em invocar uma ou mais razões que explicam porque pontualmente (pontualmente… na sua cabeça) pode parecer nesse momento mais vulnerável. Esse é um momento sempre doloroso, pois por definição o pendura quer sempre passar por aquilo que não é.
A terceira característica do pendura é a sua impossibilidade de se reformar com base na razão. De ciência certa o pendura não muda pela voz do argumento pois por natureza o argumento é um instrumento que se utilizado pode facilmente desmascarar o pendura. E por viver num mundo de ilusão o pendura é naturalmente defensivo e avesso a qualquer forma de diálogo que o possa colocar em cheque.
Os penduras encontram-se nos locais mais expectáveis e visíveis, como na função pública. Aí são aos quilos. O exemplo mais gritante serão os professores. É o diabo entenderem que não são necessários tantos devido ao cada vez menor números de alunos. Sem contar que querem progressões automáticas e se recusam a ser avaliados pelos mesmos mecanismos pelos quais as pessoas são geralmente avaliadas. Mas também os há numa versão mais palaciana. O exemplo mais recente da nossa sociedade foi o lobby da construção que literalmente assaltou o orçamento dos anos passados… e futuros (sim, as PPP). Este lobby, de verniz mais cuidado, fez-se acompanhar de um rol de consultores e advogados que solidamente também se penduraram, directa ou indirectamente, no orçamento.
Mas também há outros penduras, muito menos visíveis, mas também muito activos e corrosivos. Há os aldrabões que se aproveitam da ineficiência da nossa justiça e com isso não honram compromissos, há os profissionais em arrendar casa sem pagar renda, e há ainda os que se penduram na família mesmo já depois de saírem de casa pois as suas desmiolices arranjam sempre forma de se socializarem com os restantes membros.
E depois há aquele pendura que vive nos partidos políticos. Este pendura tem-se desenvolvido com fulgor nos últimos anos e teve como expoente máximo Santana Lopes e José Sócrates. Os estragos são aliás bem visíveis. Esta espécie, muito especial e perigosa dada a legitimidade democrática com que soube vestir, invadiu literalmente o poder político. E instalou-se. Este pendura, possuído de uma leonina capacidade de fazer valer o seu interesse pessoal em detrimento do interesse do país, carrega consigo uma crueldade e capacidade de triturar adversários só possíveis em quem abdica da ética na tomada de decisões. Estes penduras utilizam a fidelidade como moeda de troca dos favores distribuídos, favores esses que mais não são do que a própria razão de existir deste pendura no agrupamento político de que faz parte. Não que o fenómeno seja novo na história do homem, mas o grau com que se manifesta e o alcance pernicioso da sua acção torna o fenómeno demasiado maligno, ou não fosse o sarilho presente o resultado das patetices de tanta inconsciência de quem nunca devia ter pisado os terrenos do poder político.
Em Portugal o pendura anda a começar a viver dias difíceis devido ao rigor que veio para ficar. Com isso foi simplesmente exposto como vítima do seu sucesso, e aos poucos vai sendo acossado e desmontado a muitos níveis. Mas há um local onde o pendura parece ser, ainda, intocável: nos partidos políticos. Compete a quem anda pelos partidos sem espírito de pendura em atirá-los borda fora de modo a viabilizar boas lideranças e bons governos. É uma obrigação.
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