De modo a também eu poder dizer é a crise, vou passar a ir de metro para a universidade. Por isso e porque a minha reforma (leia-se mesada) também quase de certeza que não dá para pagar as despesas. Vou passar a entrar numa estação que não digo qual é por causa dos perigos da internet, mas que é a Alameda, e a sair noutra que também prefiro não dizer, mas que é São Sebastião. Apenas com o Saldanha pelo meio, o percurso é pequeno. E para isso o novo tarifário da empresa quase falida que gere os transportes públicos em Portugal apresenta-me uma solução com um custo mensal de 26 euros, que ainda me dá acesso a mais dois serviços (autocarro e comboio) que não preciso. Considerando que antigamente faria o mesmo percurso por apenas 12 euros, não fiz as contas, mas acho que fico a perder.
O carro passa a ficar estacionado num lugar que noutros tempos já foi grátis, mas que agora é pago a uma empresa que vive do incumprimento das leis que ela própria pretende fazer cumprir. A única alteração no local foi materializada numa caixa que engole moedas e cospe pequenos cartões de papel. Felizmente, depois de uma kafkiana guerra burocrática, consegui obter o selo de residente, pelo que em princípio não vou receber mais nenhuma daquelas multas amarelas, que por acaso até são excelentes marcadores de livros. Mas eu não costumo ler mais do que dois ou três livros de cada vez e por isso não estou interessado em mais multas.
Estou interessado, isso sim, em passar a receber diariamente o Jornal Destak no meu novo percurso. Não tanto pelo jornal em si, mas pelo que o projecto representa. No princípio, o Destak financiava-se de uma forma muito simples: recebia primeiro dos clientes e só depois pagava as impressões. E o negócio foi crescendo. De facto, o que fica é esta ideia de que as coisas, afinal, não são assim tão complicadas. Existe esperança na iniciativa privada. O pior é que, para um jovem precário como eu, o exemplo do estado português nos últimos anos (ou, pior ainda, no século todo) é pateticamente miserável. Vai ter a sua graça, em todo o caso, passear-me pelo espaço público cheio de prejuízos do metro, enquanto leio no jornal as boas novas da expansão internacional do Destak.
O carro passa a ficar estacionado num lugar que noutros tempos já foi grátis, mas que agora é pago a uma empresa que vive do incumprimento das leis que ela própria pretende fazer cumprir. A única alteração no local foi materializada numa caixa que engole moedas e cospe pequenos cartões de papel. Felizmente, depois de uma kafkiana guerra burocrática, consegui obter o selo de residente, pelo que em princípio não vou receber mais nenhuma daquelas multas amarelas, que por acaso até são excelentes marcadores de livros. Mas eu não costumo ler mais do que dois ou três livros de cada vez e por isso não estou interessado em mais multas.
Estou interessado, isso sim, em passar a receber diariamente o Jornal Destak no meu novo percurso. Não tanto pelo jornal em si, mas pelo que o projecto representa. No princípio, o Destak financiava-se de uma forma muito simples: recebia primeiro dos clientes e só depois pagava as impressões. E o negócio foi crescendo. De facto, o que fica é esta ideia de que as coisas, afinal, não são assim tão complicadas. Existe esperança na iniciativa privada. O pior é que, para um jovem precário como eu, o exemplo do estado português nos últimos anos (ou, pior ainda, no século todo) é pateticamente miserável. Vai ter a sua graça, em todo o caso, passear-me pelo espaço público cheio de prejuízos do metro, enquanto leio no jornal as boas novas da expansão internacional do Destak.