Lá por 1995 Portugal acelerou o seu ímpeto consumista que iniciou por volta de 1986. Esse início da criação de uma economia baseada no consumo e na acumulação de dívida escondia a bomba que nos rebentou agora nas mãos. Poucos na altura seriam ouvidos se tivessem a ousadia de dizer que o crescimento em vigor era disforme a nada saudável. A espuma da superfície escondia a movimentação funesta que ocorria no fundo.
Neste momento a espuma que já vemos, e que agora vamos começar a sentir com mais intensidade, esconde movimentações virtuosas que já ocorrem no fundo. Como no primeiro caso, temos muita dificuldade em perceber para onde nos levam essas correntes poderosíssimas. Somos expeditos e bons em perceber o que se passa à superfície, mas provamos ser muito incipientes em perceber as movimentações que vão ocorrendo debaixo da fina camada da superfície.
Segundo o jornal Público “Totalizando 153.433 ligeiros de passageiros vendidos de Janeiro a Dezembro últimos, 2011 foi também o ano em que se venderam menos automóveis nos últimos 12 anos. As vendas caíram 31,3% no ano passado”.
O que isto significa é que, e em paralelo com o crescimento das exportações, nos estamos a tornar numa economia muito mais equilibrada, e consequentemente, a longo prazo, muito mais resistente a perturbações externas, e já agora, muito mais independente. A grande maioria da população tem uma enorme dificuldade em compreender isto, e por isso berra perante a espuma que vê. Mas o que ocorre lá no fundo dá, ao mais atento, a confiança de que tanto precisamos.
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