Durante a presente semana tive a oportunidade de revisitar a Holanda. Arnhem, que se me apresentou sempre longe de mais quando por lá vivi, surpreendeu-me por ser uma terra algo acidentada para os padrões dos Países Baixos. Automaticamente questionei-me se ainda assim os holandeses teriam a coragem de se fazer à estrada de bicicleta fazendo valer a sua cultura ciclista aos inconvenientes declives da zona. E à vista posso afirmar que a cultura ganhou à geografia. De miúdos a graúdos todos iam dando ao pedal, e embora algo carrancudos na subida, compensavam na descida com belos sorrisos. Arnhem provou-me assim que, ainda que um ou outro monte se atravesse pela frente, é sempre possível dobrar a nossa natural lassidão e indolência às virtudes do transporte de bicicleta.
Mas Arnhem reserva-nos outras surpresas. Para além do exemplo destemido de como se enfrenta um monte com uma vulgar bicicleta, em Arnhem é possível ainda testemunhar que existem camelos e dromedários na Holanda. Confesso que o impacto é forte já que camelos e a cor verde dos prados com o Reno por detrás não é aquela combinação que trazemos gravada na memória. Após uns segundos de incredulidade perante tão improvável cenário restou-me concluir que aquele dia em Arnhem não foi em vão. Provou-se ser possível combinar o uso da bicicleta com terrenos um pouco mais acidentados, e que é ainda possível encontrar camelos na Europa. Arnhem afigura-se assim como um óptimo local de destino para uma comitiva de autarcas para se inspirarem na possíbilidade de repensar a locomoção do ser humano através da bicicleta numa urbe um pouco mais acidentada, e simultaneamente ver o animal que não quereremos ser se não cumprirmos adequadamente a nossa missão.
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