Nos confins de Espanha tive a oportunidade de ouvir dois taxistas. Um, da Guiné Conacri, disse-me que dos cerca de 30 compatriotas somente 10 ainda estão em Espanha. Uns foram para a Alemanha porque é onde existe trabalho, outros foram para outras regiões de Espanha mais dinâmicas. Ele, agora taxista, saíra da actividade de construção que praticamente parou.
O outro tem uma mulher que trabalha numa empresa que produzia somente para o mercado de construção de Espanha. Como o mercado de construção parou, começou à procura de novos mercados e agora a empresa produz essencialmente para a Ucrânia e China (não só construção como também para outros sectores). E segundo me disse já tem uma dimensão superior há que tinha quando servia somente o mercado interno.
As pessoas e os empresários apontam baterias para onde pode vir retorno. Claro que é mais fácil trabalhar e vender dentro do burgo. Mas se o sinal recebido é que isso deixou de dar, então é da mais elementar lógica que se procure vender além-fronteiras. E só isso vale mais do que centenas de medidas e esquemas de apoio à exportação. Os mercados para onde os empresários e as pessoas do sector privado despendem o seu tempo e as suas energias é que marcam a direcção de uma economia. Todos agora sabem que é maioritariamente nos mercados externos que se consegue manter ou ampliar os negócios.
Extraordinário como Portugal só entendeu isso após a intervenção da Troika decorrente do evidente suicídio orçamental iniciado em 1986. Caramba, demorou tanto tempo a perceber que se andava mal. Nem a crise financeira internacional de 2007 a 2010 serviu para abrir os nossos olhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário