Todos se divertem muito com os reality-shows
da televisão portuguesa. Todos satisfazem as suas necessidades de
entretenimento com o dia-a-dia grosseiro de certos representantes da boçalidade
extrema. A mediania que assola o país é terrível: todos preferem a casa dos
segredos aos segredos da vida. Avaliar se a vida vale a pena ser vivida, se
tem um sentido, isso implica uma tomada de consciência demasiado profunda e por
isso, porque é mais fácil, todos preferem ocupar o tempo em frente à televisão.
Segundo T.S. Eliot, em Notas
Para Uma Definição de Cultura, tudo o que o tempo nos traz é perda; o
ganho ou a compensação é quase sempre concebível, mas nunca certo. Ora, uma
vez que o tempo gasto com reality-shows
não é certamente compensação e muito menos ganho, tudo o que nos resta é perda. Enquanto vemos a casa dos segredos, o tempo vai passando, a morte aproxima-se.
A morte, a nossa, parece sempre um posto distante. Mas a verdade é que
a nossa vida é marcada por essa certeza e mesmo a ânsia de entretenimento, no
fundo, não passa de uma forma de distrair a mente da perturbação existencial.
Em doses pequenas isso é positivo. Em edições consecutivas e com constantes
recordes de audiências, no entanto, representa a sujeição de um povo à
mediania.
Nenhum comentário:
Postar um comentário