sábado, 6 de outubro de 2012

A crise escondida

Ultimamente temos observado na nossa praça um verdadeiro grito de revolta contra a situação que Portugal vai experimentando. Compreensível para quem somente encontra no sentimento uma relação com os factos. Mas inadmissível a quem se exige, e espera, com responsabilidade possuir fórmulas alternativas viáveis, sejam elas quais forem. Ora o que se vê é que a classe política e pensante é incapaz de propor uma alternativa concreta, quanto mais um plano metódico e calendarizado.
 
O espetáculo a que se assiste por parte da oposição é do mais incómodo que se possa imaginar. Para que a democracia revele todo o seu bom potencial é necessário que as partes apresentem propostas concretas, e sempre que possível calendarizadas, o que na situação atual é imperativo. O povo agradeceria, e o debate sairia naturalmente enriquecido. Ao não fornecer alternativas, a oposição simplesmente funciona como um amplificador do sentimento de rua. Ora isto é pura irresponsabilidade nas atuais circunstâncias. Neste particular realce-se o péssimo comportamento do PS, que para além de ser um dos responsáveis pelas causas que nos levaram a este ponto, assina um acordo internacional com o qual se demarca quando os efeitos do cumprimento do mesmo afectam a população. Ora isto é de uma falta de carácter sem paralelo e um péssimo exemplo para a sociedade.
A crise, para além de financeira, mas essencialmente económica, encontra nos actuais representantes políticos muitas evidências de que a crise se estende à própria democracia e de como os seus intérpretes a vêm. A crise, afinal, também é uma crise de pessoas de bem que não estão dispostas a fazer política. Neste ponto não há Troika que nos valha. Só depende de nós.

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