Está quase a chegar o momento em que os Portugueses do sector privado se
vão revoltar contra os Portugueses do sector público. É só dar mais um tempinho
de austeridade aos trabalhadores privados por incapacidade de despedir pessoas
no sector público e veremos os primeiros a ficarem realmente aborrecidos com o
que se está a passar. E se o fenómeno ainda não emergiu é porque há ainda pouca
consciência de que os primeiros pagam parcialmente os ordenados dos segundos, e
ainda porque a má imagem que os políticos têm faz acreditar que os seus dislates
incompetentes e a corrupção existente são a causa maior da dívida pública
acumulada, pelo que resolvida esta questão arruma-se o assunto e fica tudo bem.
Aparte da incompetência e dos dislates tontos dos políticos existe um
problema absurdamente grande de funcionalismo público na nossa sociedade e de
toda uma teia de interesses que gravita à volta do orçamento. É este
funcionalismo que é preciso rebentar. É da mais elementar injustiça que
metade de uma sociedade viva em socialismo e a outra em capitalismo. Que uns
tenham que acelerar para ganhar X e que outros se orgulhem de travar com a
garantia de que ganham mais do que X e ainda por cima conscientes de que nada
lhes acontece. Isto é absurdo e indigno. E se dúvidas existem sobre a equidade entre uns e outros então
questionemo-nos porque não existem funcionários públicos que emigram ou que são
despedidos. Ou que saiam do sector público para o sector privado.
Um dos motivos porque se emigra tanto tem que ver com esta situação absurda
de cultura de “direitos adquiridos” existente na função pública. Os direitos
nunca são adquiridos. Os direitos são algo por que se luta para serem
alcançados com tanta energia quanto aquela que é preciso despender para os
manter. O “adquirido” requer esforço, não desleixo e arrogância resultante da
posse. Ora é este hiato em protelar o rebentar do “direito adquirido” que
também faz com que o mais afoito e dinâmico se ponha ao fresco para ambientes
mais arejados. Que motivação pode sobrar para um recém-licenciado quando o
mesmo se consciencializa de que existem uma cambada de incompetentes do sector
público que lhes tapam o caminho por não puderem ser despedidos e trocados por
si? Que motivação pode haver em saber que os impostos que ele paga são para
pagar o ordenado do arrogante que por “direito adquirido” ganha mais do que ele
e produz muito menos?
Uma sociedade para progredir tem que dar espaço para os melhores puderem
trilhar o seu caminho. Infelizmente os poderes políticos não tratam deste
assunto com a importância que o mesmo tem. Por este caminho a coisa pode acabar
mal.
Um comentário:
Clap Clap Clap!! Digno de se partilhar!!
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