terça-feira, 8 de setembro de 2009

Debate entre Sócrates e Louçã

Como previa Sócrates foi sovado às mãos de Louçã. Este debate evidenciou dois perfis completamente diferentes de pessoas. Louçã demonstrou boa preparação, raciocínio rápido, um pouco de felino no ataque, muita confiança, controlo sobre si próprio (nomeadamente na acção demagógica), discurso fácil e muito escorreito. Todas estas virtudes, típicas de um académico de calibre, fazem parte de um tipo de pessoa de estrutura forte, que faz corrida de fundo e que não se deixa cair por aí com facilidade. Diria que é do mesmo clube de Cavaco Silva.

Depois temos Sócrates, moço de evidentes restrições, nomeadamente quando está em desvantagem. De maus fígados e maus temperamentos, é pessoa a quem a adversidade faz muita mossa. De natureza enfadada quando contrariado, perde facilmente o controlo quando surpreendido. Acossado, adopta uma atitude completamente reactiva. E foi isso que vimos, alguém meio tolhido a quem alguns factos lançados no debate o baralharam. Louçã, que é bom estratega, atacou nos seus pontos fracos, explorando-os ao máximo. E como os tempos correm mal a Sócrates pela sua incompetência, por ser boy, pelo seu feitio, por ter valores perniciosos, por não entender muito bem o que é governar um país, o barco foi ao fundo. Pobre rapaz a quem se acabaram as veleidades políticas que uns imprudentes votantes lhe conferiram há quatro anos. O homem acabou hoje às mãos do seu carrasco.

Quanto às propostas de ambos diria que Louçã aos poucos vai demonstrando o seu jogo. De ideias consolidadas, sabe exactamente o que quer e sabe gerir os timings e as oportunidades. Sabe que nacionalizar a Galp é aceitável para muitos quando temos Sonangol e Amorim lá dentro e com o dinheiro investido recuperado em tempo recorde. E contou aqui com a ajuda de Sócrates a ler o seu programa onde pareceu a todos que a questão das nacionalizações à banca não estava lá da maneira que Sócrates queria veicular. A questão de acabar com todas as deduções, coisa que por exemplo na Holanda já foi feita, talvez não tenha tão má aceitação como o pouco inteligente Sócrates pensa. Sócrates, na sua mediania, empolou a questão à náusea quando a prudência mandaria mais recato, especialmente quando Louçã disse que os serviços públicos dariam resposta a tudo. Enfim, coisas de arrogante.

Agora que as propostas deste moço Louçã são suicídas, disso não se duvide. Mas também não se duvide que ele actua como se a sua hora esteja chegar. Ele sabia que isto ia demorar muito tempo. Soube esperar com a temperança e calculismo dos grandes... e dos perigosos. Uma palma, isto é de General.

Sócrates é o que se já se sabe. O homem claramente não sabe bem o que propor. Pessoa falha de ideias em tempo de grandes crises não é boa opção, principalmente se ignorantes e com curso tirado ao Domingo. Para estes só as vacas gordas servem para caminhar. Por isso só propõem generalidades e medidas de fuga para a frente. Sangue frio, método e intrepidez, não obrigado. A Cova da Beira que se cuide com novos projectos deste engenheiro domingueiro.

E assim vai o país, entre inteligentes com ideias loucas, passando por carreiristas curtos que se vêm PM, outros a quem a veiculação da ideia encontra como adversário o preconceito e não o argumento, outros ainda que têm como acólitos muitos socialistas mascarados de mercado, e por fim um que só cresce quando afónico. Má sina a dos Portugueses a quem resta esperar por um Benfica campeão.

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