quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Terramoto eleitoral daqui a 4... ou 2 anos.

Estas eleições vão-nos dar muitos sinais do verdadeiro terramoto eleitoral que se irá dar daqui a 4 anos… ou talvez 2. Para ilustrar o meu pensamento avanço com a minha previsão para as legislativas de Setembro de 2009:

PSD – 31%
PS – 23%
BE – 20%
CDS – 12%
CDU – 9%
Outros + brancos + nulos – 5%

Neste cenário consolida-se um sinal que vem sendo menosprezado há anos: a destruição do centrão pelo aparecimento de uma nova força política que o combate sem tréguas, o BE. O que quer isto dizer? Quer dizer que o centro passa a representar 55%, ou seja, um esvaziamento brutal daquilo que tem representado. Sei que esta fotografia de certa forma já existiu com o PRD, mas o PRD foi coisa efémera. O BE é para ficar… por agora (próximos 10 a 15 anos). Isto diz-me que o CDS pode fazer o mesmo ao PSD, ou seja, substitui-lo como a força política de referência na área liberal. Em rigor o PS e o PSD são muito parecidos. Eventualmente o PSD tem gente mais chique (que é como quem pateticamente diz “gente como nós”, ou em versão ainda mais íntima “casas como as nossas”), mas isso é coisa desprezível em termos eleitorais. A grande diferença entre um partido e outro ocorreu nos anos de 74 a 80 quando de um lado havia Mário Soares e do outro havia Sá Carneiro. Daí para a frente a matéria de que é feita as pessoas de um partido e outro passou a ser a mesma, ou seja, carreiristas políticos (salvo meia dúzia de pessoas dos governos de Cavaco, nomeadamente os 2 primeiros, que reconheço não o serem).

Começa agora a existir a percepção que os dois grandes partidos, PS e PSD, podem ser despedaçados. O BE está a faze-lo, e muito bem, com a sapiência de Louçã e com uma notável colaboração de Manuel Alegre. Sócrates, politicamente curto, não viu isto (e ao que sei nem VPV!!!!!, que sempre ostracizou os 1.000.000 de votos de Alegre nas presidenciais). Enquanto isto acontece na esquerda, na direita vamos ter o mesmo processo em curso a partir destas eleições. O facto de que as pessoas começam a percepcionar agora que existem diferenças de fundo entre CDS e PSD, juntamente com a inépcia política (no sentido depreciativo do termo) actual de MFL e os legados infelizes de Durão Barroso e do inigualável SL, fazem que um pequeno sinal vá ser dado nestas eleições, ou seja, o crescimento do CDS. Se isso não aconteceu até agora é porque Paulo Portas não passa no público. As pessoas não gostam dele, ponto final. Não é da ideia que ele veicula de que não gostam, é dele. E isso esconde o que irá acontecer, a subida do CDS quando este partido substituir o líder. O CDS não teve um líder ao nível daquele que teve o BE. Por isso o processo de mudança na direita está mais atrasado, mas existe tudo para que a mudança se inicie.

Há uma coisa que quem tem votado PSD não gosta. Quem tem votado PSD não gosta de ver que o partido produziu muitos Dias Loureiros, SLs, Barrosos, Oliveiras e Costas, Arlindos, Valentins, Isaltinos, Menezes, etc. No PS temos a mesma massa sanguínea (Sócrates, Coelhos, Murteiras, Fernandos Gomes, etc). Isto é tudo da mesma casta. E não há evidências de que MFL consiga funcionar sem a mesma casta (é tudo Touriga Nacional).

Após estas eleições vai-se percepcionar que o CDS pode crescer e o PSD perder para este último. Despoleta-se então o mecanismo de feedback positivo (aquele mecanismo que explica a vitória do VHS sobre o Beta, e que Bill Gates descreve bem no seu livro “Rumo ao Futuro”). Muitas pessoas encontram então uma justificação para desviar o voto do partido em que votou “clubisticamente” nos últimos anos. E na altura (daqui a 4 anos) o exemplo do que se passou à esquerda pode potenciar a velocidade com que esse desvio de votos é feito à direita.

Há um aspecto fundamental para que o fenómeno ocorra à direita num curto espaço de tempo (8 anos): que o CDS não vá para o governo agora com o PSD. É um erro enorme o CDS ir como partido minoritário para o governo se ambos tiverem maioria absoluta. O CDS deve ser oposição ao PSD pelo simples facto de que o PSD é como o PS. A distância do CDS para o PSD é muito maior do que do PSD para o PS. A felicidade do CDS é que o mais provável nestas eleições é os dois partidos juntos não terem a maioria absoluta (obrigado BE). Esse é o melhor resultado para o CDS de momento. MFL vai governar sozinha e irá dar continuidade ao socialismo que já dura desde 1974.

Estou francamente convencido que o cenário que acima descrevo se vai concretizar. Tenho no entanto outras dúvidas. O que fará Louçã quando chegar aos 20%? Cria um partido a partir do BE, mais ao centro e de modo a matar o PS de vez ao importar toda a ala esquerda do PS? Ou vai “comendo” o PS e o PCP aos bocadinhos e crescer somente “organicamente”? É que não se duvide de uma coisa: ele quer ser Primeiro Ministro de Portugal e no futuro mais longínquo mudar muita coisa na Europa a partir do exemplo Português.

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