quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Grande erro

SÁBADO, 21 DE MAIO DE 2011

O Bloco de Esquerda cometeu um erro tremendo ao se ter recusado a dialogar com as instituições internacionais para a construção de um plano de ajuda a Portugal. A todos os níveis. Senão vejamos:

1. Como força política com representação parlamentar significativa tinha a obrigação de tomar parte das conversações. Ainda que discordasse da maioria ou da totalidade dos princípios que norteiam as práticas dessas instituições internacionais, teria a oportunidade de fazer valer em sede própria as suas ideias. Com esta atitude o BE ficou completamente fora de jogo. Em nada pôde influenciar o que nos próximos anos nos vai orientar.

2. Do ponto de vista meramente táctico também deveria ter tomado parte das conversações. Distanciar-se-ia do PCP ao tornar-se na principal força política de esquerda de Portugal. A participação nas conversações em nada vincularia o BE ao texto final. Poderia sempre dizer que estava em desacordo com tudo ou quase tudo, mas que tudo fizera para que outra fosse a solução, seja ela qual fosse. Se tivesse agido desta forma teria demonstrado ser um partido disposto a dialogar, e portanto, coligáveis para efeitos de formação de futuros governos. Agindo desta forma marginalizou-se e assinou o seu atestado de óbito. O eleitorado percepcionou isto e nunca o irá esquecer.

3. Do ponto de vista da imagem agiu como “pobre e mal agradecido”. Pobre por pertencer a um país que não se organizou de forma a estar em condições de pagar os salários e pensões aos seus constituintes e por se recusar a estender a mão a quem de direito cá entrou a estender-nos a mão. Ainda que se possa invocar que os juros são elevados, ainda assim 5% ou 5,5% são taxas bem melhores do que os 10% que já estávamos a pagar pelas últimas emissões de renovação / emissão de dívida.

Como ao nível individual, há decisões na vida das organizações que as marcam para sempre. E o BE cometeu a sua. Há cerca de 2 anos previa que o BE poderia chegar um dia aos 14% ou 20%. Errei na análise ao sobrestimar o potencial e atractibilidade do seu discurso. Um amigo disse-me, e com toda a razão, que não passariam dos 10% dado o povo não ser tão distraído quanto isso. As actuais sondagens parecem corroborar a tese do meu amigo. Oxalá.

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