DOMINGO, 26 DE DEZEMBRO DE 2010
Em conversa com um amigo empresário íamos discorrendo sobre as faculdades do Português como trabalhador. Aparte do clássico, e já estafado “os nossos melhores são tão bons ou melhores que os melhores deste mundo”, falávamos sobre uma camada de Portugueses que pouco ou nada produzem. Sobre estes não tenho conhecimentos profundos quanto à dimensão do seu valor económico individual, embora possua algumas suspeitas. Mas este meu amigo afiançava-me, por experiência própria, que existem Portugueses que pura e simplesmente não produzem. Atónito, ia apelando para me dar mais exemplos. E veio mais um, dando-me o exemplo do seu irmão, também ele empresário numa companhia agrícola Alentejana junto à fronteira com Espanha, onde me dizia que todos os trabalhadores que com ele trabalham são Espanhóis pelo facto de serem bem mais produtivos. Diz-me ele que por aquelas bandas não arranja trabalhadores Portugueses responsáveis e produtivos.
Olhando para muitos dos “arrumadores de carros”, pessoas que na grande maioria, e aos meus olhos, não darem sinais de serem altamente eficientes seja lá em que actividade for, pensando nos que fazem do exercício o RSI a sua principal actividade, imaginando os empatas existentes por aí, nomeadamente na Função Pública, arrisco que são todos pessoas que dão pouco ou nada à economia. Quando não subtraem… Especulo se toda essa mole poderá de algum modo chegar aos 20% da população. Será?
O meu feeling diz-me que sim. Aprioristicamente haveria algo de insondável no facto de muitos imigrantes arranjarem trabalho com facilidade. Mas aqueles supermercados e mercearias de Aljezur que empregam muitos trabalhadores vindos de Leste de sorriso na cara e eficiência quanto baste ao invés de empregarem Portugueses com ar vago e respiração lenta, podem denunciar muita coisa. Os dois trabalhadores Romenos que iam à minha casa de férias onde me encontrava para tratar da piscina e do jardim, afáveis e com gosto no trabalho, colidiam em muito com o ar abrutalhado e meio rasca de alguns cidadãos lusos que também por lá vão respirando, só consolidam o que já ia especulando.
Numa quinta perto do Fundão uma amiga que por lá vive diz-me que os Portugueses se consideram muito acima dos trabalhos da apanha da fruta. Alguns Ucranianos são quem se presta a essa função.
Numa pequena empresa de produção alimentar em Cascais sei que (na altura) já não havia trabalhadores Portugueses. Consideravam-se “acima” dos outros. Os “outros” são Brasileiros, maioritariamente, e Argentinos. A minha amiga empresária diz que fica confusa com a atitude lusitana de fidalgo falido. Ela que durante anos fez trabalhos que muitos desses “fidalgos” se recusam a fazer.
Outro amigo empresário na zona de Olhão enaltecia um empresário Ucraniano que por lá anda e ao que segundo parece anda a “fazer” coisas por lá ao invés dos locais que se “queixam” amargamente das agruras desta vida.
Por princípio sigo a regra que se aceitam os trabalhos que existem no caso de não estarem disponíveis aqueles que se querem. E que devemos ter sempre como pano de fundo que as habilitações possuídas em muito podem condicionar o leque de trabalhos disponíveis.
Portugueses, a sobrevivência económica é algo que devemos perseguir nesta vida. Para isso temos que ter valor económico, pelo menos o mínimo para responder a essa mesma sobrevivência. Isso é o mínimo a que temos que conseguir responder. Podemos não ter as habilitações necessárias, mas caramba, o mínimo que temos que ter é atitude. Pelo menos em dose suficiente que nos permita sobreviver economicamente.
Aos 20% direi: cuidado que o mundo mudou e que os outros 80% andam a ficar fartos de vocês. Enxerguem-se.
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