quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Os garotos não se entendem

SÁBADO, 9 DE OUTUBRO DE 2010

O PS e o PSD parecem que não se entendem na questão do orçamento. É natural, a factura do desnorteio dos últimos 25 anos chegou mais cedo do que o previsto devido a uma inconveniente crise financeira internacional. E agora a rapaziada fruto dos aparelhos partidários vê-se com a batata quente nas mãos, que é como quem diz, vê-se envolta num cenário para o qual não foram formatados como pessoas. É que em alturas de crise não há espaço para dislates, deslizes, incompetências, jogos partidários, mexericos, tráfico de influências, etc.

Há muita mudança em curso na sociedade de uma dimensão anda difícil de abarcar, mesmo para o mais atento e astuto dos cidadãos. São mudanças muito profundas, das quais destaco a decadência demográfica agora iniciada, o novo surto emigratório, a inversão de expectativas de vida e de percursos profissionais resultado da redução do volume de consumo e a extrema necessidade de produzir mais e de pagar a dívida externa, o acentuar da competição a nível mundial com a entrada no “campeonato” de novos povos tidos até agora como de segunda e como nossos servidores (muitos deles são os nossos credores), e por fim a manutenção da nossa produtividade a um nível incompatível com as nossas expectativas de cuidados de saúde e de reforma (que mais não são do que os níveis que actualmente possuímos). E tudo isto terá impacto para os próximos 40 anos.

Esta avalanche irreversivelmente adversa de elementos de grande dimensão não encontra boa resposta nos actuais actores políticos. Estes vivem numa realidade onde a manipulação é o factor chave para alcançar aquilo que eles pensam ser o sucesso e para regular a relação entre eles e o povo. Ora nesta fase da vida da nossa Nação o que é fundamental é explicar com naturalidade aos Portugueses todos os elementos que os afectam neste momento. Não temos que pedir que os Portugueses gostem ou desgostem da realidade, ou que ainda concordem ou discordem da mesma. Somente temos que os guiar de acordo com a nova realidade, que, como já nos apercebemos, não é nada fácil. E isto não é tarefa para garotos, é antes tarefa para homens.

Garotos com poder em situações de aperto são o pano de fundo de um enredo para um filme de terror.

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