DOMINGO, 29 DE MAIO DE 2011
A Irlanda oferece encantos inesperados. Existe uma zona na costa Oeste onde a língua oficial parece ser o Inglês com sotaque do West Virgínia ou do Texas. São resmas de Americanos que por aqui vêm tentar descobrir as suas raízes. Vêm, falam, tiram fotografias, jogam Golf, e ainda arranjam tempo para jantar. Acontece que um dia escolhi um restaurante onde se encontrava um grupo bem representativo dessa América, terra de todas as oportunidades. Os convivas, todos para cima de seis décadas de vida, resolveram brindar-me com um espectáculo digno de fazer chorar de inveja qualquer estudioso da sociedade Americana.
A caminho da sobremesa, resolveram estas almas começar a desabafar sobre os factos que mais os marcaram na vida. Seguiu-se então um rol de exemplos do que é a sociedade Americana. Nem faltou, para meu gáudio, a clássica história daquele jovem que após passar fome e de ter seguido o “curso” de uma instituição de solidariedade, acabou “bem na vida” decorrente dos negócios que montou. Escusado será dizer que a emoção que ia correndo por aqueles bancos iam provocando algumas lágrimas nos presentes. Lágrimas que confesso a muito custo iam sendo contidas na mesa onde me encontrava, entre um misto de contenção de emoções, bem como de resguardo de quem não deveria estar a escutar conversa alheia.
Desde então penso do quão importante para esta outra Irlanda é a visita contínua destes Americanos. Não só os visitantes cumprem com a sua vontade de conhecer as suas origens, como a Irlanda agradece economicamente. Mas há mais. Há um natural reforço dos laços entre os dois lados do Atlântico. Aliás, o agora presidente Obhama, também ele de ascendência Irlandesa, cá veio à terra dos seus ancestrais beber uma Guiness.
Não posso deixar de tentar fazer um paralelismo entre Portugal e o Brasíl. Gostaria um dia de ver grupos de Brasileiros pelo nosso Portugal em grande número a chorarem pelas mesas dos nossos belos restaurantes. Gostaria de os ver pelas nossas terras a jogarem Golf, a passearem, a verem os nossos castelos e aldeias, a conhecerem o nosso interior e os locais de onde a Nação cresceu. Seria bom para eles porque ficariam com uma noção mais aproximada de como tudo terá acontecido. E seria muito bom para a nossa economia. E já agora também seria bom para os tais laços Atlânticos e, secretamente que ninguém nos ouve, para a afirmação da nossa língua no mundo.
Da nossa parte há que começar a pensar em como vender esses pacotes turísticos, sabendo de antemão que, para além de termos de tratar do nosso antigo e fecundo complexo colonial relativamente ao Brasil, temos de perceber que este país tem outro tipo de habitantes para além daqueles que vêm preencher os trabalhos que os Portugueses ignorantemente andaram a renegar.
E talvez um dia um Irlandês possa escrever sobre um “Outro Portugal” quando visitar Estremoz
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