QUINTA-FEIRA, 17 DE MARÇO DE 2011
Dentro de 3 anos o Regime Socialista vai fazer 40 anos de existência. Parece claro que neste momento se iniciou o processo de avaliação do Socialismo por parte da sociedade Portuguesa. A mesma ainda não é feita com todo o discernimento porque os Portugueses andam desiludidos, sentimento que, resultante de um estado prévio de ilusão, não dá boa assistência à análise nem convidará muito ao seu exercício. Somente quando passar este estado de choque em que entrámos recentemente os Portugueses começaram a proceder a uma análise fria e desapaixonada, e consequentemente ficarão mais abertos a outras alternativas.
O Regime Socialista baseia-se nas seguintes premissas:
1. Crença de que se pode viver eternamente acima das possibilidades consumindo mais do que se produz.
2. O orçamento do Estado é o motor e a esperança dos cidadãos em geral.
3. A promiscuidade entre os partidos e o Estado é um veículo natural de muitos empresários, gestores, e outro pessoal de segunda linha, se tornarem vencedores na sociedade Portuguesa.
Os Portugueses facilmente já percebem que o primeiro ponto se esgotou em resultado das medidas de austeridade já em vigor, mas principalmente daquelas que eles já percepcionam que aí vêm (e são muitas).
Quanto ao segundo ponto ainda não existe consciência clara de que é nos mercados exteriores que se encontra a emancipação da nossa sociedade, e de que o Estado ainda pode servir de salvação às nossas ambições económicas e financeiras. Como se uma névoa ainda assolasse os Portugueses ao estilo de uma réstia de esperança sobre uma fórmula que sabemos que já não funciona mas que seria bom que pudesse funcionar.
O último ponto é bem compreendido pelos Portugueses mas parece ser de difícil desmontagem por parte dos partidos. Os partidos estão hoje montados em teias de interesses muito grandes e transformaram-se numa agência de empregos.
Isto é o Regime Socialista, e é isto que está para balanço.
O CDS, como partido melhor posicionado para fazer frente ao primeiro e segundo ponto enumerados, dado ter na sua matriz ideológica a libertação do indivíduo e a visão de um Estado minimalista (embora forte e com personalidade), é o partido que melhor se pode perfilar para naturalmente ser governo na fase pós-socialista que iremos viver. Para isso ter-se-á que demarcar explicitamente e muito claramente do terceiro ponto, ou seja, da visão “empregadora” que hoje caracteriza os partidos.
Ora esta postura desinteressada pelo poder na visão de “agência de empregos públicos” deverá acautelar o CDS na sua política de alianças. Não existem evidências de que o PSD seja capaz, ou mesmo que tenha firme vontade, de se libertar da lógica de subserviência aos interesses da sua estrutura, minando com isso qualquer hipotética boa vontade da sua liderança. Para efeitos de aliança partidária, há muito mais do que as naturais diferenças sobre a visão sobre a sociedade Portuguesa e de como a mesma deve governada. Há todo um conjunto de sentido ético* e de independência relativamente aos grupos de interesse que importam ser avaliados.
O CDS não deverá colocar-se em “bicos dos pés” sequioso de fazer parte de um novo Governo. Colocam-se todas as reservas de que o deverá fazer. O Regime Socialista, de que o PSD é também um natural subscritor, deverá ser avaliado em bom rigor no seu momento próprio, ou seja, quando a fase de desilusão dos Portugueses for ultrapassada. O CDS, ao demarcar-se do PSD nesta altura, surgirá no futuro aos Portugueses, nesse momento com mais capacidade de discernimento, como o natural partido para governar Portugal.
* Ainda sobre alianças há que explicitar que a mais recente experiência não teve da parte do PSD a elevada postura demonstrada pelo CDS. Parece óbvio que o CDS demonstrou ser bem mais coligável que o PSD. Refiro-me à inacreditável demissão do Primeiro-Ministro de então (abstenho-me de ajuizar sobre o inacreditável perfil do substituto).
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