SEGUNDA-FEIRA, 4 DE ABRIL DE 2011
A taxa de juro a 5 anos já anda pelos 9,5%. Daqui aos 10% é um instante. Se os Portugueses tivessem noções básicas de economia estariam todos na rua a clamarem para que o FMI viesse o mais rapidamente possível pôr ordem na casa, mas sob o mando dos Portugueses. Como o FMI virá a mando internacional pelo facto de termos perdido o momento próprio (César das Neves defendera que o FMI deveria ter sido convidado a vir há 2 anos), a coisa não promete.
É lamentável que a população não entenda o que se passa nem tenha querido nunca ouvir quem percebe do assunto. O mesmo não é difícil de perceber e até há um filão de excelentes economistas Portugueses que entendem do assunto de fio a pavio. E até publicaram livros*. Como os Portugueses se estão a revelar burgueses pobres e muito moles, vamos, infelizmente, viver com a medicina que aí vem da pior maneira possível. Que não se pense que o FMI vem com pensamentos do género “o que fazer para estimular o sector exportador” (oxalá me engane). Eles vêm cortar, e cortar à séria. Ou seja, não irá existir nenhuma estratégia subjacente às medidas que irão ser tomadas a não ser o efeito prático das mesmas num curto espaço de tempo.
O mundo é feito de três grupos de pessoas. Os que fazem as coisas acontecer, os que vêm as coisas acontecer, e os que perguntam o que é que aconteceu. Temos pouquíssimos na política que fazem as coisas acontecer. Na Democracia só Mário Soares, e mesmo assim só como Primeiro Ministro. Sá Carneiro não terá tido, infelizmente, tempo. Alguns que vêm as coisas acontecer, e curiosamente vamos ter pouquíssimos também a perguntar o que é que aconteceu pelo simples motivo de que os Portugueses são avessos a perguntar a opinião de quem sabe. Vai ser um pouco como ter passado pela segunda metade do século XIX e não tomar consciência de que havia uma revolução industrial em curso. Com a agravante de que hoje a informação jorra diariamente, embora a capacidade de processamento da mesma seja deplorável. Por isso os Portugueses vão ficar petrificados quando muitas coisas começarem a acontecer. E o mais curioso é que mesmo depois de tudo se passar nem vão perguntar o que se passou nem estarão muito interessados no assunto. Verdadeiramente singular.
O que mete mais pena nisto tudo é que os nossos filhos vão sofrer demasiado pela estupidez em curso. Aliás, tal não é para estranhar, a estupidez e o egoísmo dão-se lindamente. E nunca fazem perguntas.
* De entre outros temos “Portugal, que Futuro” de Medina Carreira, “Perceber a Crise” de Vítor Bento, e “Uma Tragédia Portuguesa” de António Nogueira Leite
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