quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O Prussiano e o Trio

SÁBADO, 5 DE JUNHO DE 2010

A zona Euro está muito dessincronizada. Na sua primeira crise a zona Euro mostrou-se muito pouco unida. Existem muitas sensibilidades nos países constituintes, nomeadamente entre a Alemanha e Portugal, Espanha e Grécia. O primeiro simboliza o esforço metódico, os bois à frente da carroça, a poupança, a racionalidade, exportação de bens e serviços, excedente e responsabilidade. Os segundos vão mais pelo discurso fácil, a carroça à frente dos bois, a despesa, a emoção, a importação de bens e serviços, défice e irresponsabilidade.

Naturalmente teria que haver um choque na primeira crise. Ei-lo em vigor. Neste momento os três estão a ganhar. O Euro desvaloriza para gáudio do trio e tristeza do Prussiano. O trio precisa de um Euro fraco de modo a competir, o Prussiano quer um Euro forte e estável pois é assim que maximiza o produto do seu esforço. A explicação é simples e já foi explicada neste espaço. Todo o mundo quer consumir produtos cuja manufacturação, seja lá onde a mesma tenha lugar, necessita de componentes Alemãs. Assim, tendo os Alemães uma procura rígida para os seus produtos, a maximização da recompensa advém de uma moeda forte.

O Euro esteve em alta nos últimos 10 anos porque o produto no mundo ia crescendo a taxas muito altas e precisava da engenharia alemã para alimentar as fábricas deste mundo. O trio meridional foi disfarçando os problemas da moeda forte com crescente endividamento, recorrendo ao consumo interno (fosse este público ou privado) para estimular a sua economia.

Pois a coisa estalou. O nível de endividamento do trio atingiu os limites. E só uma acentuada desvalorização do Euro, conjuntamente com um aperto de cinto impensável há uns anos, pode salvar o trio. Doravante veremos o trio "serrar presunto" em Bruxelas e apertar o cinto o menos que puder, que é como quem diz, "a ver se a coisa passa". Nem que para isso tenha que passar pela vergonha de levar uns puxões de orelhas em Paris, Berlim, ou na eterna Bruxelas, de cada vez que lá for chamado.

Quando o Euro atingir a paridade com o dólar, então veremos como é que o Prussiano vai reagir. Uma coisa é certa, este desiderato será resolvido cedo ou tarde.

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