SEGUNDA-FEIRA, 17 DE MAIO DE 2010
As medidas que o governo enunciou são insuficientes para resolver o problema. Passar de défices de 8,3% do PIB para 7,1%, ou coisa que o valha, é atirar areia para os olhos. Um défice de 7,1% é uma loucura para um país que não cresce há uma série de anos e cujas perspectivas de crescimento são nulas, e que têm uma dívida pública de 80% do PIB (sem contar com a oculta e com a dívida privada).
As medidas são avulsas e não emitem qualquer sinal. Emitem até alguns sinais contrários. Aumentar o IVA no escalão mais baixo e intermédio não faz sentido. Sabemos que o preço das matérias primas (trigo, milho, etc) estão mais baixos e que os produtores de bens alimentares podem acomodar o IVA com facilidade não aumentado, ou mesmo reduzindo a sua margem. Mas nada nos garante que o preço das matérias primas não suba de novo. Penso mesmo que será o mais provável.
O escalão de IVA que deve ser aumentado respeita ao escalão mais elevado. É onde estão a maioria dos bens não essenciais. E a mensagem a passar é a de que consumimos acima do que produzimos, pelo que há que taxar no escalão que contém menos bens essenciais.
É perverso criar uma taxa específica de IRS. Outra vez, o problema está no consumo interno. O IRS até deveria ser diminuído em alguns escalões. E onde concordo, o aumento da taxa máxima para 45%, é meramente simbólico. Reitero, temos é que taxar o consumo, não o rendimento.
Para finalizar tenho a dizer que me sinto envergonhado de ter pessoas que governam o nosso País sobre pressão externa. E com outras agravantes: mentem com todos os dentes, não percebem o que se está a passar, não acertam com o remédio para a dor do momento, e não têm uma estratégia para Portugal que lhe permita ser um País independente. Tenhamos agora consciência de uma coisa, Portugal neste momento não é um País independente. Repito, Portugal neste momento não é um País independente.
Nota 1: para todos os que seguem este blogue pode parecer que por vezes sou arrogante nas análises. Antes o fosse. Felizmente estou lúcido, vejo bem o que se passa, e sei que caminhamos muito mal, demasiadamente mal. E para mal do meu amado País vou acertando vezes demais.
Nota 2: perdoem-me o desabafo da Nota 1, mas sinto que por vezes estou só, demasiadamente só na minha visão, e quando há concordância do meu interlocutor sinto uma emanação de medo, como quem para evitar a verdade se refugia num olhar longínquo.
Nota 3: se defendo aumento do IVA do escalão máximo para uns 25 ou 26%, é porque não é possível descer a massa salarial do sector público uns 15%, no mínimo. Somente por isso. Sei bem que o problema é de despesa, não de receita.
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