TERÇA-FEIRA, 16 DE MARÇO DE 2010
Reparemos nas nossas maiores empresas, a maioria das quais cotadas na bolsa de Lisboa. São quase todas prestadoras de serviços e vendedoras de produtos que visam o consumo interno, e que por inércia implicam muita importação. Poucas são as que visam as exportações.
Alguns exemplos das maiores empresas essencialmente portuguesas que satisfazem essencialmente o consumo interno:
Sonae
Jerónimo Martins
Todos os bancos – entre 40% e 50% do negócio visa o crédito à habitação e crédito ao consumo
PT
ZON
Todas as construtoras
EDP
REN
GALP
Cimpor
SAG
As que visam essencialmente a exportação são
Corticeira Amorim
Portucel
Autoeuropa
A Quimonda, que era a segunda ou terceira maior exportadora, faliu.
No entanto há algo em movimento que é positivo. Na expectativa de que o mercado interno já não dá mais, todas as empresas listadas vêem-se forçadas a procurar outros mercados, o que é óptimo, pois isso acaba sempre por significar exportações e o repatriamento de lucros.
Mas acima de tudo fica para a história que os nossos maiores empresários dos últimos anos trataram de investir em produtos / serviços que visavam o consumo interno. Não os censuro. A economia é guiada por forças que nada têm que ver com juízos cor-de-rosa de “como é que os agentes económicos se devem comportar”. Isso serve os dislates de engenheiros sociais quando têm à sua mercê alguns povos. O Dr. Louçã que não tenha ilusões em Portugal. Mas O Estado pode dar muitos sinais aos empresários. Até agora os sinais que vimos foram todos dados em prol da “beleza” do consumo e de como isso dava brinde para as eleições. Havia, acima de tudo, que não assustar o povo com puerilidades de reduções de despesa. Isso era coisa de “retrógados”. O ideal de “modernidade” não é compatível com o conceito de frugalidade. Não é verdade Professor Cavaco? Não é verdade Eng. Guterres? Não é verdade Dr. Barroso? Não é verdade Sr. Sócrates?
Futuramente os sinais vão ser no sentido da exportação, ou não fossem a maioria dos PINs voltados para o turismo.
Futuramente vamos assistir a redução de despesa. Sim, os congelamentos nos vencimentos na Função Pública vêem aí. Finalmente, embora com o móbil errado: a pressão externa.
Futuramente vamos assistir a reduções / eliminações de deduções no IRS. Finalmente (para algumas), embora com o móbil errado: a pressão externa.
Vai ser giro estudar a história de Portugal de 1986 até 2040. Especialmente no seu ponto de viragem, do viver acima das possibilidades até 2012, e o começo do pagamento das dívidas a partir de 2015. 2010 até 2015 será o período em que finalmente assumimos o que sempre vimos ao espelho.
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