quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Confiança Pública

A confiança pública não se decreta e tão pouco se possui por pensarmos tê-la. Não está em nós, está antes fora de nós, está na sociedade. O que cada um possui é auto-estima e confiança privada, conceitos que se confunde com confiança pública. A confiança de que Portugal precisa é da confiança pública, a que resulta do suor da nossa sociedade, a que dela é emanado pela forma como esta é construída, dos relacionamentos estabelecidos entre os seus organismos, da matéria de que é feita os seus elementos mais proeminentes e dos que se encontram em posições de destaque. A confiança de que os políticos geralmente falam é a que resulta das relações de cada um com aquilo que lhe é mais próximo. Esta é a confiança privada, conceito do foro individual onde o estado não tem que se meter directamente, e que depende, para além da confiança pública, da auto-estima individual.


Os políticos da nova era, carregados de agendas pessoais e ansiosos por crescerem através das fórmulas que eles próprios criaram, vão jogando o jogo individual da sua casta. O sucesso deste jogo, na forma como ele está concebido, pressupõe a inversão de prioridades, com o indivíduo a sobrepor-se ao grupo e este à sociedade, gradação que Rousseau diz ser contrária àquela que deveria ser adoptada. Deste jogo resulta que para ter sucesso o poder deve ser utilizado em conformidade com a hierarquia das prioridades: 1. Eu, 2. Grupo, 3. Sociedade. Os vencedores deste jogo, satisfeitos com o bem que a si podem reservar pelo facto do poder que detêm, e com confiança (privada), sentem-se agora impelidos a exportar para o Grupo e para a Sociedade a única fórmula que reconhecem ser a de sucesso para alcançar a Confiança, ou seja, a sua, e que, pela natureza das coisas dá a pior das assistências à confiança pública.
Portugal, para teres Confiança Pública precisas de quem pense primeiro na Sociedade, depois no Grupo e depois no Eu.

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