quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Curta nota sobre lucros da banca portuguesa

QUINTA-FEIRA, 17 DE DEZEMBRO DE 2009

Até há poucos anos habituámo-nos a conviver com uma banca com grandes lucros. Estes lucros cresceram em paralelo com uma excelente oferta de serviços e produtos bancários a preços muito reduzidos.

A banca portuguesa a partir dos fins da década de 80 modernizou-se. Despediu pessoas com menos formação, contratou pessoas com mais formação, investiu em tecnologia, melhorou processos, implementou sistemas de avaliação de qualidade de serviço, profissionalizou-se, inovou constantemente, dispersou capital em bolsa a todos os que queriam investir (a maioria das vezes em melhores circunstâncias para as pessoas de menores rendimentos, de modo a viabilizar elevada dispersão), e repercutiu sempre no preço os ganhos de eficiência que ia conquistando. Fez tudo o que teria sido óptimo que muitos outros sectores tivessem feito.

No geral não há percepção do baixo preço dos serviços bancários. Há pouco, um amigo bancário dizia-me, já um pouco desesperado por não saber como veicular que as margens são reduzidas, nulas, ou mesmo negativas. Dizia-me ele que a Coca-Cola, empresa de muito baixo risco, se financiava à taxa Euribor + 4%, quando muitas pessoas têm para o empréstimo à habitação um preço de Euribor + entre 0,5% até 2%. Ora, quantos de nós não acha spreads de 1,5% ou 3% uma heresia? Em rigor, não é. O nosso problema é que habituámo-nos muito mal a bons serviços a baixos preços. Os nossos ímpetos consumistas nesta incontinência geral gastadora cegaram-nos.

Muito se criticaram os bancos pelos enormes lucros que iam obtendo. Pessoalmente, prefiro bancos com bons lucros do que com prejuízos. Bancos com problemas são minas na sociedade, como aliás a recente experiência internacional agora demonstrou e já o tinha demonstrado em 1929.

Os bancos Portugueses estiveram, no geral, muito bem nesta crise. Demonstraram não estar tão alavancados (pouco capitalizados) e não estar expostos a activos tóxicos (demonstraram uma boa medida de conservadorismo, essencial na banca). Os casos BPP (embriaguez especulativa), BPN (caso de polícia) e BCP (egocentrismo e aldrabice de uma elite) são pontuais e não decorrem tanto da crise internacional (exceptue-se um pouco o BPP).

Fico feliz quando noticiam que os bancos portugueses têm lucros. Ainda os têm, menores, mas temo por 2012 e 2013.

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