TERÇA-FEIRA, 15 DE DEZEMBRO DE 2009
Segundo Nuno Amado, presidente do Santander Portugal
"No que toca ao futuro próximo da banca, Nuno Amado explicou que a questão da subida dos 'spreads' prende-se com três efeitos: maior custo de capital, maior custo de liquidez e maior nível de incumprimento.
"Nós crescemos, em média, moderadamente os 'spreads' nas operações novas ou nas renovações de operações. É óbvio que as margens vão ter que aumentar. Porquê? Porque vai haver mais capital necessário para a mesma actividade. Há um custo de capital que temos que repercutir nos 'spreads'. Há um custo de liquidez. Nós antes financiávamo-nos nos mercados internacionais quase a Euribor, mais muito pouco, e agora, em termos equivalentes, a Euribor mais um por cento, 1,2 por cento, na 'senior debt', sem garantias", sublinhou.
"Se as empresas e os particulares aumentam o incumprimento, há uma base de custo de crédito que tem que ser repercutida nos 'spreads'", acrescentou, dizendo que "vai ser um processo normal e gradual", mas que é inevitável que as margens subam para cima "do que estavam há dois anos".
Ainda assim, Nuno Amado antecipou que "o grande problema no futuro não vai ser o crescimento dos 'spreads', vai ser também o crescimento da Euribor", sublinhando que se Portugal não estiver ainda num ciclo de crescimento económico com alguma força, vai ser complicado compaginar a situação económica frágil com essa subida das taxas de juro que o BCE exigirá."
Há um tema que tem que se começar a colocar sobre a mesa. A crise que a nossa banca pode viver daqui a 4/5 anos, e cujos sinais vamos começar a receber em 2010 e 2011. O preço a que nos financiamos externamente (cerca de 80% de todas as necessidades de financiamento) vai ser cada vez maior, não só porque as taxas Euribor vão naturalmente subir, mas também porque o nosso rating vai descer. Isso faz subir o preço do dinheiro, nomeadamente quando pedimos emprestado no exterior. Este fenómeno advém muito menos da crise internacional e muito mais do nosso marasmo económico.
Em paralelo, e ainda na óptica da banca, os contratos de crédito à habitação até há 2 anos, com spreads mínimos, demonstraram ser ruinosos, e em muito afectaram os balanços dos bancos. E se incluirmos o crescimento dos incuprimentos dos clientes face às responsabilidades, se incluiromos a contínua descida dos valores do imobiliário (embora seja uma descida suave, embora contínua), então teremos a nossa, a muito nossa crise bancária. Restará aos bancos compensar estas perdas no crédito concedido ao sector produtivo e nas comissões bancárias e com isso penalizar as nossas já débeis empresas. Fará tudo parte do pacote agoniante que vai bater à porta de Portugal. Previa-se esta crise mais tarde, mas simplesmente a crise internacional tratou de precipitar esta situação que já vinha a caminho. Este assunto é muito delicado.
Pensar-se sobre este assunto da banca, pensar-se que muito provavelmente perderemos 3.000.000 de habitantes de população residente até 2050, pensar-se que poderá ser benéfico um novo surto emigratório, pensar-se que as reformas daqui a 20 ou 30 anos poderão ser 40 a 50% inferiores ao que são hoje em dia, e perder tempo a discutir a questão dos homossexuais!!!, é querer desviar atenções do essencial.
Valerá a pena reter estas duas máximas de Goethe:
"Os homens que não atingem o necessário, preocupam-se com o desnecessário"
"A coisa mais terrível que nos pode ser dado ver é uma actividade imparável desprovida de fundamento"
Portugueses, temos que actuar.
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