QUARTA-FEIRA, 17 DE MARÇO DE 2010
Tenho um pressentimento de que a Grécia irá sair da zona Euro. Não imagino um País ficar na zona Euro com uma dívida de 100% ou 120%, cujo deficit é de 12% do PIB, e sem vontade especial de resolver a sua situação. A Alemanha não vai deixar que isso aconteça, ou seja, que o mau exemplo grego se espalhe a Portugal e Espanha. E como a realidade fala fortíssimo e não é nada condescendente com quem não quer mudar, direi que a Grécia terá os dias contados na zona Euro.
Este formigueiro de pressão sobre a Grécia tem o condão de nos fazer cair na realidade. Não duvido que os Portugueses saberão avaliar muito bem o que uma saída do Euro significaria. Face a essa perspectiva, que é o que acontecerá se tudo ficar como está, os Portugueses, povo mais maduro do que se pensa quando se trata de ter mesmo de encarar a realidade, optarão por aceitar o que tiverem de aceitar. Que não haja dúvidas sobre isso.
Mais complicado será com os Espanhóis. A sua auto-estima anda a sofrer bastante nesta crise. A pancada psicológica está a ser muito grande para quem pensava que ser Alemão estava mesmo quase a chegar. Neste momento estão numa dura fase de “deslevitação”.
O problema de Espanha só nos afecta pelo facto de Espanha ser um mercado importante para Portugal. Teremos que jogar simplesmente com o facto de não esperar mais do que o valor de mercado que já existe (em termos globais, claro).
Nós somos diferentes do Espanhóis. Somos mais flexíveis na mentalidade, menos orgulhosos, e mais abertos à mudança. Temos mais mundo, somos mais globalizados, e temos uma relação mais saudável com os países da mesma expressão linguística. E, já gora, somos mais humildes, característica que uma certa “modernidade” categoriza como defeito, mas que a agora obrigatória postura mais produtora e menos consumidora categoriza como virtude. Só temos que ser mais convincentes no momento da acção e da venda. Mas isso até se obtém com formação, coisa que, aliás, depende só de nós.
Portugueses, força, não vacilem. Aproveitem a mudança de realidade que se verifica neste mundo, operem as mudanças que terão que ser feitas e avancem com objectivos que possam ser alcançados. Como dizem os saxónicos, “don’t lose momentum”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário