SÁBADO, 12 DE DEZEMBRO DE 2009
Ó gregos, salvem-nos. Vós que há milhares de anos nos destes luzes estais em condições de novo de nos alumiar. O motivo agora não é, certamente, recomendável. Fala-se da vossa bancarrota. Sim, de incumprirem com os pagamentos decorrentes da dívida e dos juros da vossa pujante dívida externa, 110% do PIB. E os expressivos 13% de défice terão um belo efeito no incremento nesses 110%. Junte-se-lhe cerca de 18% de desempregados e temos festa na rua garantida.
Incumprir com pagamentos por se fechar a torneira de novos empréstimos que renovem os existentes é coisa que não quero nem pensar no que seja. Mas não andamos muito longe disso.
Portugueses, já que andamos com uma tremenda dificuldade em nos vermos ao espelho, tenhamos pelo menos a sapiência de observar clinicamente o que se passa por terras aristotélicas. E se no decorrer desse exercício clínico nos questionarmos “quem sou eu, que faço aqui?” já sabemos, deveremos estar em pleno esforço de captação e interiorização do que vai ser o nosso futuro daqui a 3 ou 4 anos. É hediondo? Sim, é, mas pelo menos não nos podemos esquivar dizendo que não sabiamos, que isso dos avisos que nos iam fazendo eram tretas, que é coisa para os outros, etc.
Assim, sobreavisados por quem entende estes fenómenos financeiros, que até são muito mais simples do que se imagina, e com a realidade futura a ocorrer visivelmente a uns milhares de quilómetros de distância, temos tudo para mudar de rumo e evitar o desastre. Sim, é duro mudar de direcção, principalmente quando se anda a gastar mais 10% do que se tem e não se dá por isso. Mas a vida é de quem de si toma conta, por isso toca a mexer e a mudar.
Entretanto, e alguns milhares de quilómetros mais a norte, num local bem verdinho e cheio de irlandeses, gente teoricamente mais avisada, mais humilde, e que sabe que tem que contar consigo para resolver os seus problemas, há uma coisa bem interessante em movimento: descida de 10% dos vencimentos dos funcionários públicos.
Pois é, estes sinais incómodos ditados pela força da realidade vêm de muitos quadrantes. Temos a atitude grega e irlandesa para escolher. Está nas nossas mãos.
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