quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Já não há mais o plano B

DOMINGO, 21 DE FEVEREIRO DE 2010

Até 1974 Portugal tinha acumulado muitos créditos sobre o exterior. Vivia abaixo das possibilidades. Mas era independente, embora deficientemente e autocraticamente governado.

Depois estoirou as reservas. Em paralelo nacionalizou e estoirou o que nacionalizou. Posteriormente vendeu o que tinha nacionalizado. Em paralelo recebeu mundos e fundos de Bruxelas. Depois descobriu o endividamento e passou de 10% de dívida externa em 1995 para uns extraordinários 70% em 2009 (e prevê-se que em 2013 vá aos 100%).

Foi nesta embriaguez que os Portugueses ainda no activo cresceram. A festa acabou. Dependemos de nós para ganhar no futuro, e já agora também para pagar a dívida actual. A nova geração de Portugueses, os que têm até aos 20 a 23 anos, será aquela que inverterá a desgraça a que os governantes nos levaram nos últimos 35 anos. E injustamente lá terão que pagar os dislates tolos de meia dúzia de irracionais. Isso ocorrerá fatalmente, não porque sejam melhores ou porque um dom extraordinário lhes vai cair em cima. Ocorrerá porque não existem outras alternativas. Portugal valerá no futuro pelas pessoas e pelos seus projectos individuais e conjuntos. Não é um patético Estado ou uns insípidos governantes que nos vão conduzir seja onde for. A esses pede-se que atrapalhem o menos possível (e já agora também mais um pouco de decoro na arte da aldrabice).

O nojo político onde nos vemos mergulhados é o resultado final dos nossos credos e aspirações dos últimos 35 anos: vender anéis e cuidar de ter sempre um potezinho ao lado de onde se sacasse dinheiro. Agora se quisermos dinheiro temos que adoptar o plano A e fazermo-nos à vida. É mais ou menos como aquele diálogo típico dos filmes de acção de segunda categoria:

P: What's the plan B?
R: There is no plan B.

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