quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Nota sobre desperdício de recursos

DOMINGO, 7 DE FEVEREIRO DE 2010

Em posts anteriores refiro com frequência que Portugal consome mais do que produz. Isso pode parecer chocante para pessoas que trabalham arduamente e que vivem com pouco porque de outra maneira não pode ser. Sobre isto enumero os seguintes tópicos que ajudam à reflexão:

1. Muitas organizações produzem bens / serviços que não são necessários. Isto é particularmente relevante no sector público. Isto é um desperdício brutal de recursos.

2. Muitas organizações produzem bens / serviços que são necessários mas utilizam processos perfeitamente obsoletos e caros na sua elaboração. Outra vez o sector público é o local onde esta realidade ocorre com mais frequência. Temos aqui outra forma de desperdício de recursos.

3. Muitas organizações são disformes na redistribuição da riqueza que geram. Existem empatas e chefes que ganham muito mais do que produzem. E tudo a expensas de outros trabalhadores zelosos. Isto existe com frequência no sector público e também no sector privado. Pena que ainda não se perceba que é pela ausência da acção do “mercado” que estas situações ocorrem com mais frequência. É a exiguidade do mesmo e a fraca apetência para mudar de trabalho que faz com que as pessoas mais capazes se sintam prejudicadas. Neste caso temos desvio de recursos.

Quem mais sofre com este brutal desperdício de recursos públicos é quem menos tem. A prova disso vem aí sob a forma de aumento de impostos, uma fatalidade na impossibilidade de diminuir a massa salarial do sector público. A factura dos défices públicos acumulados dos últimos 15 anos está mesmo aí à porta.

Nesta fase de alguma penúria económica, e que ainda agora começou, é urgente reajustar a afectação dos nossos recursos, nomeadamente os recursos humanos. Isto quer dizer que temos que reequacionar o que é que a nossa sociedade precisa e em que actividades é que os Portugueses devem despender o seu esforço. Ou seja, devem trabalhar em quê. E já agora, e isto tem muito que se lhe diga porque é mal percebido, sob que processos é que essas actividades têm que ser efectuadas. Para que este exercício ocorra o mais suavemente possível há que interiorizar que isto é para ser levado por diante. Se não o for, são os mais desfavorecidos que pagarão pelo facto. Quanto à escapatória do “vamos tirar aos ricos para dar aos pobres” como modo de fugir à mudança, já sabem, nunca resolveu nada em lado nenhum, não resolveu em 1975, e hoje em dia uns clicks no site do banco transferem tudo para além fronteiras. O jogo dos dias de hoje é mesmo para quem tem fibra e quer enfrentar a realidade, o que, se avaliarmos bem, nem é tão mau e injusto quanto isso.

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