QUINTA-FEIRA, 4 DE FEVEREIRO DE 2010
Os últimos dias irão ser conhecidos na nossa história recente como a revelação da face de uma revolução suave que já se tinha iniciado. Chamemos-lhe a revolução das verdadeiras capacidades dos portugueses e do que eles estão dispostos a lutar de forma a concretizar o que querem ser.
Como é do conhecimento público Portugal foi avaliado pelos mercados financeiros internacionais nos últimos dias (e nomeadamente hoje). E a avaliação não foi positiva, o que corrobora o que já aqui neste espaço tem sido enunciado. Não se quer com isto dizer que os mercados sejam o pêndulo pelo qual uma sociedade se deve reger. Todos sabemos que os mercados têm “indigestões” e a avaliação de um País não pode estar refém das disposições dos mercados. No entanto deve-se atender aos sinais subjacentes a essas avaliações. E que sinais são esses? São basicamente dois: 1) não é mais possível pensar-se que se pode viver eternamente em deficit, e 2) estamos a perder competitividade internacional porque descurámos a economia voltada para a exportação.
Doravante, e enquanto isto não for devidamente interiorizado, teremos todos os holofotes em cima de nós e a direcção que decidirmos tomar será escrutinada fria e impiedosamente. Como anteriormente afirmei, a coercção externa é de um poder praticamente ilimitado. É bom tomarmos isso em muito boa conta.
Para nosso mal, a reacção dos nossos representantes políticos foi negativa. Optou-se por uma reacção a quente ao pior estilo do “não gostamos da mensagem batemos no mensageiro”. Típico das almas fracas e torpes, o que, em rigor, vem na sequência do que neste lugar vem sendo veiculado.
O que irá mudar no curto prazo? Pouca coisa. Basicamente mais alguma cosmética irá ser adoptada. Os nossos governantes irão ter que aumentar alguns impostos invocando que isso tem que ser feito por imposição externa. Medida tecnicamente certa, embora politicamente desadequada, pois surge descontextualizada por ser avulsa e imposta externamente. Isto é demonstrativo que somos governados por pessoas não qualificadas para as exigências da governação. Uns medrosos que não ousam enfrentar a realidade.
Em jeito de desabafo, e para todos os que me dão a honra de seguirem este escrito, permitam-me que diga o seguinte. Tomara que Deus nos ilumine a encontrar o caminho e outras pessoas para nos liderarem. Este por onde estamos a ser levados não é bom, e quem nos leva não merece carta de recomendação, muito pelo contrário. Precisamos, e com alguma urgência, de homens e mulheres que possam tomar a condução de Portugal noutros moldes, com outras prioridades, com outros desafios, com sentido de dever aquando do exercício das responsabilidades, amando e respeitando este lugar sagrado, com humildade, vestidos de respeito e integridade, e também de modéstia, mas com muita, muita ambição e vontade de lutar com inteligência e verdade. Não uma luta pífia e viciada, mas uma luta íntegra e respeitadora de boas regras que deverão vigorar. Regras que respeitem o indivíduo, a sociedade e os seus símbolos. Regras que não ousem afrontar os fundamentos básicos, sólidos e virtuosos de uma sociedade, tal como a família e o casamento. Regras que submetam quer o forte e o poderoso, quer o fraco e desprotegido, ao julgamento imparcial. Regras que premeiem a verdade e penalizem a mentira. Regras que permitam aos mais aptos e enérgicos libertarem-se do jugo dos fracos e viciados. Povo que não exulta os seus melhores é povo que se diminui e que se encolhe, e que na capitulação não hesitará até em se resguardar debaixo de quem não lhe traz o bem. Será este o final de um povo que deu o pontapé de saída há 500 anos, e de forma brilhante, diga-se, neste jogo que agora o assusta e atormenta?
Não, Portugal deve ser ganhador. Somos úteis ao mundo, embora não o desconfiemos, tão pouco o saibamos. A génese Portuguesa é global, é multi-cultural, é eclética, é compreensiva e afável com o outro, é respeitadora do que lhe é inato e do que o não é, é curiosa, gosta da mulher e do seu fruto, é crente e é saudosa. Temos tudo para sermos vencedores na vida. Não somente no sentido sintético e desnudado que só parcialmente nos preenche, mas também no sentido lato e imaterial. Nem todos os povos podem clamar por tantas e tamanhas virtudes. Não ousemos livrarmo-nos delas, antes saudemo-las e usemo-las.
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