quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Portugal, fotografia (7)

Terça-feira, 1 de Dezembro de 2009
Portugal, estás a ter muitos membros desempregados. E lamento dizer-te, mas desta vez é à séria, ou seja, já há mesmo pessoas que querem trabalhar e que não encontram trabalho. Isto antes era a excepção, e o desemprego que havia coincidia mais em número com a soma daquelas pessoas com pouca vontade de trabalhar ou com pouca vontade de aceitar os trabalhos disponíveis e de que não gostavam.

Portugal, mas o problema grande virá a seguir. Virá quando não conseguires criar postos de trabalho, coisa onde até foste bom de 1998 a 2008. Só que agora esta crise financeira vai evidenciando o teu problema de empregos. E vai evidenciá-lo ainda mais. Vai evidenciar à exaustão que não vais conseguir competir em salários baixos com chineses e indianos (há mais países e outros se juntaram). Pergunto-te: o que vais fazer com as pessoas sem qualificação, pessoas essas que não já não conseguem competir onde antes ainda iam competindo? Já informaste essas pessoas do facto? Achas que essas pessoas estão preparadas para baixarem ainda mais o seu já baixíssimo nível de vida? Achas que é gente para voltar ao campo? Sim, olha que já ouvi uns zuns-zuns que isso já está a acontecer, embora ainda em reduzidíssimo grau. Portugal, se a taxa de desemprego chegar aos 15% ou 18% e por lá ficar prepara-te para dares uma saída a essas pessoas. Falo-te de saídas à séria e não à socialista, ou seja, despejando dinheiro em cima do problema e empregá-los no sector público. Espero que saibas que isso já não é mais possível.
Portugal, e todos aqueles trabalhadores com elevada formação que produzes para o desemprego? Bom, esses vão-se indo embora porque a globalização lhes dá saídas e é generosa quando comparada com os teus padrões. E se calhar até é bom que assim seja porque tens gente bem formada a fazer boa propaganda do País, a enviar remessas que desesperadamente precisas, e a impedir maiores subidas da taxa de desemprego. E se as coisas por cá melhorarem até é gente que voltará, tal a sua génese de pular de um lugar para o outro. E aos que cá ficarem, já sabem, 700 euros de início a recibo verde e a trabalhar 12 horas por dia.

Portugal, e todas aquelas pessoas semi-qualificadas, nomeadamente as com mais apetência para trabalhar nos serviços, o que fazer com elas? Bom, aqui é mais fácil e até já descobriste. Sim, chama-se Turismo. Mas só porque o descobriste não julgues que isso é suficiente. Há muito trabalho a fazer. E não sendo especialista na matéria até te digo que a primeira coisa a ensinar é que servir os outros não implica ser-se inferior e consequentemente ter que se estabelecer uma relação de servilismo do prestador de serviço para o servido. Isso é uma mentalidade feudal e semi-rural que te está ainda no sangue e que ainda apoquenta muitos dos teus membros. Essa mentalidade é absurda e tem que ser enterrada de vez. Servir os outros implica antes um misto de profissionalismo e simpatia. Nunca te esqueças disto.

Portugal, alguém escreveu em 1991: “A tarefa política primordial de cada nação será o controlo das forças centrífugas da economia global que dilaceram os laços que ligam os cidadãos, conferindo cada vez mais riqueza aos mais qualificados e perspicazes, entregando os menos qualificados a níveis de vida cada vez mais baixos. À medida que as fronteiras se tornam cada vez mais irrelevantes em termos económicos, os cidadãos em melhor posição para poderem prosperar no mercado mundial são tentados a escapar aos laços de fidelidade à nação, desvinculando-se, assim, dos seus companheiros menos favorecidos”

Portugal, apreende bem esse escrito e trata de arranjar uma solução rápida para os não qualificados. Terá que ser uma solução insólita na justa medida, aliás, da situação dessas pessoas (estarem no século XXI na Europa e não terem valor acrescentado em qualquer dos países Europeus). Uma dica insólita: acorda com Angola o envio de 500.000 portugueses para lá trabalharem. O nível dos teus trabalhadores não qualificados ainda chega para a grande massa dos Angolanos. Eles precisam de gente com formação acima da que a grande maioria da sua população tem. A língua e as afinidades existentes até facilitam. Mais, convida os Angolanos a pensarem que Angola não é só Luanda, e que esta cidade não pode albergar uma população prevista de 45 milhões de pessoas em 2050 para toda a Angola (actualmente são 18 milhões). Obrigatoriamente têm que existir mais centros urbanos. Portugal, e de caminho, junto a todos estes não qualificados, manda também uns professores pois aqui há cada vez menos alunos. Paralelamente acorda também com os Moçambicanos qualquer coisa (vão passar de 22 milhões agora para 39 milhões em 2050).

Portugal, isto é insólito, não é? É, mas prepara-te, porque todas as tuas soluções futuras o serão.

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