quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Portugal, solução (9)

DOMINGO, 28 DE MARÇO DE 2010

Portugal, para contribuíres para a felicidade de muitos dos teus cidadãos tens que resolver totalmente a mobilidade das grandes cidades. É absurdo o tempo que se perde nos transportes casa / trabalho e trabalho / casa. Isso em muito pouco contribui para uma vida saudável da pessoa, quer enquanto indivíduo, quer enquanto um membro responsável numa família.

Por outro lado tens que elevar a qualidade de vida geral nas grandes cidades. E isso passa por uma grande diminuição do número de automóveis em circulação e a entra e sair nas horas de ponta. Peço-te que repares que o automóvel é um elemento muito agressivo numa cidade, percepção de difícil identificação para o grau de agressividade em causa.

A solução passa por uma revolução nos transportes públicos. Lisboa e Porto têm que ser inundados de transportes públicos em condições, e cumulativamente o tráfego automóvel restringido de uma forma dissuasora, quer ao nível da delimitação do número de lugares disponíveis para estacionamento, quer ao nível do preço do estacionamento.

Portugal, adopta uma nova filosofia de transporte nos grandes centros urbanos baseada no transporte público. Tomando Lisboa como exemplo tens que tomar as seguintes medidas:

1. O eléctrico tem que voltar a ser utilizado em grande escala. Olha para muitas cidades de média dimensão na Europa e inspira-te.

2. Alargamento da rede de metropolitano, quer através de novas linhas, quer através da extensão das actuais linhas.

3. Nas horas de ponta, criação de uma faixa dedicada nas auto-estradas para uso exclusivo de transportes públicos, nomeadamente autocarros com origem nos principais subúrbios (Cascais, Oeiras, Sintra, Cacém, Massamá, etc). Claro que táxis e ambulâncias também poderiam circular por esta faixa. A mesma filosofia a ser aplicada na Ponte sobre o Tejo.

4. Incremento na frequência de autocarros dentro de Lisboa em cada rota.

5. Criação de mais rotas para autocarros.

6. As despesas com os passes sociais deverão ser dedutíveis no IRS.

7. No caso de Lisboa, não se excluiria a criação de uma outra linha de comboio paralela à auto-estrada Cascais / Lisboa, e a extensão do metropolitano até Massamá, Cacém e Loures.

8. Locais delimitados para estacionamento de residentes (pintados a azul) com um preço anual (por exemplo, 200 euros – dístico a ser colocado de forma visível no tablier), e estacionamento para não residentes (pintados a branco), estes pagos, evidentemente. Fora dos locais pintados não é permitido estacionar (esta regra pode ser difícil de aplicar em toda a urbe; haverá que ter em consideração este aspecto).

9. Delimitação do número de lugares para estacionamento. Tomando como exemplo a Av. Da Liberdade, diria que nesta Avenida não deveria ter locais para estacionamento ao nível do solo. E as suas faixas laterais deveriam ser dedicadas para uso exclusivo de eléctricos (admitiriam-se excepções, como os decorrentes do serviço de alguns hotéis). Não querendo detalhar em demasiado, serve este ponto simplesmente como exemplo das proporções que esta filosofia deve assumir.

Portugal, esta solução não é muito cara e vai de encontro ao interesse da grande maioria da tua população. Criarias poupança nas famílias pois a utilização acentuada de transportes públicos forçaria muitas famílias a abdicarem de um dos actuais dois carros, e outras ainda de abdicarem totalmente do automóvel. E com o envelhecimento da população associado ao respectivo declínio do nível de vida decorrente da constante redução das reformas, tens que construir a tempo uma rede de transporte público que sirva uma enorme população envelhecida sem recursos para ter automóvel.

Portugal, não fiques petrificado com esta solução que te proponho. Nem é especialmente ambiciosa, tão pouco excêntrica. Os países com quem te queres parecer já adoptaram esta solução há muito tempo. Estranho, embora explicável, como tu de embriagaste nos últimos 30 anos com a paranóia do automóvel. A história dirá que foi um sintoma de novo rico ao qual uma longa letargia económica obrigou a pensar de outra forma.

Portugal, ao removeres automóveis de Lisboa e Porto estas cidades tornar-se-ão locais esplêndidos para se viver. Muitos estrangeiros com poder económico veriam com excelentes olhos viver em Lisboa se ofereceres cidades com poucos automóveis e uma boa rede de transportes públicos.

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