TERÇA-FEIRA, 6 DE ABRIL DE 2010
Sou um grande defensor da ideia de que os povos mais evoluídos na organização da vida social devem utilizar abundantemente o transporte público em detrimento do transporte privado. Já desde os tempos de estudante em Lisboa, e vindo de Cascais de comboio, ia aferindo que os Portugueses não eram os melhores adeptos do transporte público.
Mais tarde, e sempre que trabalhava em Lisboa, fazia questão de me deslocar de transportes públicos. Era quase sempre possível fazê-lo pelos meus standards e sempre impossível fazê-lo pelos standards da maioria. Dado o meu ponto de partida e de chegada ia verificando os olhares atónitos das pessoas a quem relatava o meu dia-a-dia no capítulo da mobilidade. Genericamente as pessoas apreciavam a minha opção. Mas não a louvavam, tão pouco a adoptavam em circunstâncias similares. Um rol imenso de desculpas escudavam as sua opções.
Nos últimos anos tenho tido a oportunidade de conhecer um pouco por dentro a realidade de muitas cidades europeias e o seu modus vivendi no capítulo da mobilidade. O que imaginava há 20 anos atrás tem total correspondência prática. O transporte público marca os standards e é prioritário em muitas cidades europeias. Seja metropolitano, autocarro ou eléctrico. Aliás, como curiosidade, pensei sempre que o eléctrico tinha sido banido de grande parte de Lisboa por não responder às necessidades da cidade. Pois nas cidades que vou conhecendo o eléctrico continua em expansão.
Tenho a certeza que a realidade vai “dobrar” muita alma lusitana. O transporte público é a saída para as grandes metrópoles e o automóvel terá que ser subjugado na medida das necessidades. O espaço para demonstrações de novo riquismo é cada vez mais exíguo neste mundo cada vez mais adverso. A consciencialização de que é mais económica a opção do transporte público será a gota de água para a mudança de comportamentos. Venham daí os eléctricos e os autocarros.
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