QUARTA-FEIRA, 25 DE AGOSTO DE 2010
Felizmente correu muito bem, e rapidamente, a novela da venda da Vivo à Telefónica por parte da PT. Para bem de Portugal encurtou-se o que adivinhava ser uma longa história. Pessoalmente fiquei surpreendido com a velocidade com que se solucionou o problema existente, embora o desfecho não fosse inesperado. Do desfecho da novela da venda da Vivo à Telefónica pode-se concluir o seguinte:
1. Foi um excelente negócio tendo em conta o preço acordado. Os accionistas de referência da PT (nomeadamente o BES) parecem bem contentes. O preço foi ainda acima daquilo que tinham acordado vender. Por mais do que uma vez foi referenciado por diversos elementos do BES que o preço foi muito bom.
2. Sócrates esteve muito bem. Primeiro porque tomou a opção politicamente certa ao utilizar a golden-share. Marcou posição face à arrogância dos espanhóis, o que se impunha. Depois porque o desfecho do negócio foi muito mais rápido do que se estaria à espera, o que, e atendendo a uma miríade de circunstâncias, era essencial. Porque a questão política terá tido um papel importante no desenrolar das negociações, decerto que lhe cabem muito louros.
3. A oposição não percebeu nada do que estava em causa e demonstrou uma absoluta inabilidade política. Quis fazer oposição onde pouco ou nada havia para se opor. Avaliou muito mal o quanto Sócrates poderia vir a ganhar em caso de se sair bem.
4. O BES vai ter brinde para a sua liquidez. É uma notícia excelente para o BES e para Portugal. Tenhamos bem consciência de que neste momento tudo o que possa correr bem aos bancos portugueses é excelente para Portugal.
5. O BES demonstrou, de forma algo surpreendente, que pode fazer muito barulho no caso de não estar alinhado com o governo. Deverá ter sido o seu maior desalinhamento público com o poder político de que há memória (excepção óbvia aquando das nacionalizações).
6. Parece que continuará a haver muito espaço para a PT jogar num campeonato grande em termos de telecomunicações. Uma participação na Oi, ainda que de cerca de 22% ou 25%, não é menor quando a PT parece ter muito a dar a essa companhia. E sendo a Oi mais pequena do a Vivo poderá ter mais a ganhar do que a perder, o que, num mercado em franco crescimento como o do Brasil, poderá vir a ser muito lucrativo se a gestão da Oi tiver alta performance.
7. O Brasil, afortunadamente, tenderá a ser um parceiro incontornável para Portugal. Oxalá a Oi seja um bom veículo de manutenção e reforço das relações entre Portugal e o Brasil.
8. O poder político deve ser exercido ainda que, aparentemente, colida com o poder económico. Ficou provado que o Estado tem espaço para tomar opções estratégicas de relevância para Portugal, e que o poder económico deverá estar subjugado ao poder político.
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