quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O novo versus antigo na versão portuguesa

DOMINGO, 22 DE AGOSTO DE 2010

Portugal tem uma forma muito especial de abordar a simbiose entre o antigo e o moderno. Por talvez lidarmos mal com o antigo fruto de sentimentos de inferioridade e por talvez termos construído, amiúde, uma relação especial entre muitos dos construtores civis e muitos dos nossos decisores camarários, onde a vontade de construir de um encontra bom acolhimento na vontade de receber do outro, Portugal consegue ter propostas de (des)ordenamento de território absolutamente aberrantes. São Martinho do Porto é, de entre muitos locais espalhados por este país, um expoente onde esta violência fez questão de se manifestar na sua máxima força. As fotografias do "encontro do moderno com o antigo" falam por si.

A conclusão que se tira destas fotografias é de que quem decidiu sobre este encontro ímpar entre o antigo e o moderno ou é corrupto, ou tem um mau gosto difícil de descrever, ou não tem noção das mais básicas regras de equilíbrio, ou um pouco de tudo misturado. Isto são verdadeiros tiros nos pés ao nosso património e um atentado violentíssimo à seriedade e à herança cultural. Portugal não pode ficar refém dos bimbos e dos selvagens.

Pessoalmente sou a favor que se construam monos e peças de mau gosto de modo a evacuar o mau gosto que habita em muitas cabeças e o desejo que existe de corromper e ser corrompido (sou suficientemente vivido para perceber que isto existirá sempre nesta terra em maior ou menor grau). Mas defendo que o mau gosto seja edificado em locais próprios e não nas zonas onde a preservação do legado arquitectónico deva ser respeitado. Isto deverá ser a orientação a seguir para quem não sabe casar o antigo com o moderno.

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